São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Sindicato prevê 'mexicanização' do rodízio

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindiauto (sindicato do comércio varejista de veículos usados de São Paulo) prevê uma "mexicanização" do rodízio de veículos antipoluição da Sema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente).
A entidade avalia que haverá um aumento de cerca de 15% na venda de carros usados a partir de agosto, quando acontece o rodízio, o que prejudicaria a qualidade do ar.
O efeito foi verificado na Cidade do México, que também implanta o rodízio de veículos para combater a poluição atmosférica. Os carros mais velhos poluem mais, por não terem catalisador e pela falta de regulagem.
"É o que os consumidores chamam de 'regra três', um carro barato com final de placa diferente dos veículos que a família já possui para poder burlar o rodízio", afirma o presidente do Sindiauto, Avelino Augusto Júnior, 31.
O rodízio brasileiro acontece entre 5 e 30 de agosto em dez municípios da região metropolitana de São Paulo. Às segundas, os veículos com placas de final 1 e 2 ficam proibidos de circular. Às terças, os com placas de final 3 e 4, e assim por diante.
A multa para quem desrespeitar o rodízio é de R$ 100. Na reincidência, o valor dobra.
Segundo Júnior, o interesse dos paulistanos por carros velhos em função do rodízio já se manifestou em julho.
Cerca de 15% dos consumidores de veículos usados optaram por carros mais antigos, baratos (cerca de R$ 7.000) e com placas de final diferente do que possuem. O mercado movimenta cerca de 58 mil vendas por mês.
"As pessoas precisam cumprir os compromissos do dia-a-dia e não podem depender do nosso deficiente sistema de transporte coletivo", afirma Júnior.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, não acredita que os paulistanos comprem um outro carro para escapar da restrição de circulação.
Ele informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o custo não se justificaria por um período de rodízio tão curto".
No México, onde houve um aumento de 60% da frota de veículos entre 1989 (início do programa) e 1995, o rodízio é implantado durante oito meses do ano, entre abril e novembro, período mais crítico da poluição atmosférica.
Fiscalização
A Sema definiu que a fiscalização do rodízio será feita por 2.200 pessoas, entre policiais do Comando de Policiamento de Trânsito, da Polícia Florestal e soldados e oficiais em formação da PM.
A participação dos funcionários da Cetesb deve ser definida hoje, em assembléia da categoria, que pode entrar em greve por reposição salarial no início do rodízio.

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