São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996 |
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'É o Fim do Mundo' radicaliza para chocar
DANIELA ROCHA
"O que as gerações dos anos 60, 70 e 80 questionaram já está fora da nossa realidade. Essa peça radicaliza para lançar a questão: e agora, para nós, qual é a nova ética e a nova moral?", afirma Modesto. Os personagens, segundo ele, são arquétipos. Representam o poder político, a sexualidade, a ingenuidade, o fanatismo da religião, a desumanização, a família. Na montagem da diretora Johana Albuquerque (de "Banheiro", 1994), toda a ação acontece em uma gigantesca caixa suspensa a um metro de altura do palco. Quando uma das paredes do cubo cai, aparece a cena de um hospital. A caixa no palco, segundo a diretora, tem duas leituras possíveis: "É uma caixa de Pandora que, quando aberta, mostra podridão humana. A segunda leitura é a que se trata de um jogo, uma brincadeira, uma caixa de surpresas." Dentro da caixa, a cena inicial é de um escritor famoso que está em coma após sofrer um grave acidente. Durante o tempo em que ele fica desacordado, a sua vida e a vida das pessoas que o cercam são desmascaradas naquele quarto de hospital. A primeira visita é de sua mulher, uma nova-rica, mãe de dois filhos, um punk e um deficiente mental. Um mulher crente aparece dizendo-se também casada com o escritor. Descobre-se aí que ele era bígamo e tinha uma filha, que estava grávida de um estupro. Todas as situações da peça são limites, até a enfermeira se diverte com a dor alheia. "A peça joga no extremo. É uma comédia punk, bizarra", diz Modesto. Esse era o tom que a diretora Johana Albuquerque buscava. "Procurava fazer a montagem de uma dramaturgia contemporânea, paulistana. Também queria uma peça que fosse crítica e, ao mesmo tempo, fizesse rir", afirma ela. Manipulação, egoísmo e ambição também entram no jogo. "O público reage de maneiras diferentes. Muitas pessoas não param de rir durante todo o espetáculo. Outras começam rindo e depois chegam a ter nojo do rumo que a história toma", diz Modesto, que já apresentou a peça na última edição do Jornada Sesc. (DANIELA ROCHA) Peça: É o Fim do Mundo Autor: Renato Modesto Direção: Johana Albuquerque Elenco: Kiko Vianello, Miro Rizzo, Juliana Jardim, Jacqueline Obrigon e outros Quando: estréia hoje, às 21h, de qui a sáb, às 21h; dom, às 20h Onde: teatro Paulo Eiró (av. Adolfo Pinheiro, 765, tel. 011/546-0449), R$ 12 Texto Anterior: Dança tem "diáspora" após o festival Próximo Texto: Sesc homenageia o "bruxo" Índice |
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