São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Caixa-preta ainda não esclarece explosão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um som "breve, de uma fração de um segundo" e ainda inexplicado foi gravado em uma das caixas-pretas do avião da TWA que explodiu no último dia 17, matando as 230 pessoas a bordo.
Por enquanto, os dados das caixas-pretas, recuperadas do mar na madrugada de ontem, são insuficientes para esclarecer se a explosão foi motivada por bomba, míssil ou falha mecânica.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, após ter se reunido com familiares das vítimas do vôo TWA 800, anunciou novas medidas de segurança nos aeroportos dos EUA.
Os novos procedimentos "podem aumentar a inconveniência e o custo" das viagens aéreas, alertou o presidente, mas são considerados indispensáveis.
Não foram divulgados detalhes, mas Clinton disse que mais passageiros e mais volumes de bagagem serão revistados manualmente por agentes de segurança e que aparelhos modernos para detectar bombas serão instalados.
O presidente tentou separar as medidas que anunciava das causas da explosão do vôo TWA 800. "Ainda não sabemos o que provocou o desastre", disse.
Mas a convicção entre os norte-americanos de que foi um atentado terrorista é tamanha que, anteontem à noite, um grupo de passageiros exigiu que seu avião fosse revistado antes de decolar.
O vôo Continental 541, de Washington para Houston (Texas, sul dos EUA), estava pronto para sair quando um passageiro e uma aeromoça começaram a discutir por causa da poltrona que ele pretendia ocupar. A aeromoça o expulsou do avião, que continuou os preparativos para a decolagem.
Assustados com a possibilidade de que o passageiro expulso tivesse encenado a confusão para deixar uma bomba no avião e sair ileso, os que ficaram exigiram uma vistoria que atrasou o vôo em mais de 90 minutos.
Em Orlando, Flórida, as autoridades escolares resolveram cancelar todas as excursões escolares programadas para o exterior.
Um grupo de 16 estudantes secundários da Pensilvânia morreu no desastre da TWA quando ia para a França com o objetivo de treinar seu francês.
As caixas-pretas foram localizadas apesar de seus "bippers" terem se estragado devido ao acidente. As caixas estavam com "danos moderados", segundo as autoridades, mas as fitas permaneceram intactas.
Elas foram levadas a Washington em caixas com água do mar e, nos laboratórios da agência encarregada da segurança nos vôos do país, foram secadas e ouvidas.
Não é incomum que muitas horas de análise das fitas das caixas-pretas sejam necessária até ser possível determinar a causa de um acidente. Segundo o líder das investigações, Robert Francis, é isso o que vai ser feito agora.

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