São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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BB tem déficit de R$ 6 bi no 1º semestre

FERNANDO GODINHO
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O prejuízo do Banco do Brasil no primeiro semestre deste ano será histórico: cerca de R$ 6 bilhões, o maior já registrado na história do banco. "É um baita prejuízo", reconheceu ontem o presidente do BB, Paulo César Ximenes.
Até então, o maior rombo era de R$ 4,2 bilhões, referente a todo o ano passado. "O prejuízo do primeiro semestre deve ser encarado como o resultado de um programa de saneamento", disse Ximenes.
"O balanço do primeiro semestre será um ponto de corte. Estamos reconhecendo tudo o que havia de ruim nos ativos do banco. Não haverá um balanço pior daqui para a frente", completou.
O péssimo resultado semestral do BB, que acaba de receber uma injeção de R$ 8 bilhões por meio de um programa de capitalização, se deve a dois fatores básicos.
O banco aumentou o volume de reservas referentes a créditos vencidos e não pagos, o que prejudica o balanço. Hoje, essas reservas chegam a cerca de R$ 5,2 bilhões.
Por outro lado, a remuneração dos investimentos do BB no exterior não acompanhou a sobrevalorização do real perante o dólar.
No fim de 1994, esse impacto era de aproximadamente R$ 2,4 bilhões. Hoje, varia entre R$ 600 milhões e R$ 800 milhões.
Resultado previsto
Ximenes explicou que esse resultado negativo já era considerado pela direção do banco desde que foi anunciado o programa de capitalização, em março deste ano.
Isso porque foi alterado o mecanismo de provisão de recursos para créditos inadimplentes. O BB reservava 20% do empréstimo inadimplente 60 dias após o prazo de vencimento, deixando para fazer uma reserva integral após 180 dias.
Agora, o provisionamento é integral já 60 dias depois do vencimento do empréstimo.
Problemas persistentes
Desde fevereiro do ano passado, o BB vem passando por um processo de reestruturação, que envolveu um programa de demissões voluntárias, o fechamento de agências e a cobrança de créditos atrasados.
O banco chegou a superar a meta estabelecida para a cobrança de débitos (dos R$ 5,2 bilhões previstos, foram recuperados R$ 5,4 bilhões), incluindo aí os contratos do setor agrícola que foram renegociados em condições mais favoráveis para os devedores.
Mas os demais problemas persistem. Apesar da saída de 39,4 mil funcionários desde o ano passado, a folha de pagamento continua na casa dos R$ 457 milhões mensais, o que representa 83% dos custos administrativos do BB.
Questionado ontem sobre a possibilidade de não conceder reajuste para os funcionários do BB na próxima data-base (setembro), Ximenes foi irônico: "Não quero prometer tanto".
Foram fechados 478 postos de atendimento e agências em todo o país, mas o número é considerado insuficiente pela direção do banco.

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