São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996 |
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Corrida de carros
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE No GP da Espanha deste ano um encontro entre Juan Antonio Samaranch e Max Mosley reacendeu a velha polêmica do automobilismo na Olimpíada.Na verdade, o assunto volta à baila sempre que a F-1 percebe sua audiência em risco. Seja como for, tá na regra: não será esporte olímpico a modalidade que depender de propulsão não natural. Mas como ignorar que Schumacher, mais do que piloto, é um atleta? Num teste de aptidão física, o alemão bateria alguns milhares de Atlanta. E, já que a era moderna dos Jogos é assim estanque, fui atrás da antiguidade para encontrar um melhor fundamento. No interessante livro da professora Lauret Godoy, leio que a corrida de carros foi adotada em Olímpia a partir dos 25º Jogos, em 664 a.C.. Naquele tempo se usavam dois ou quatro cavalos, contra os mais de 700 atuais. Leves, os carros já tinham baixo centro de gravidade e se equilibravam entre o ágil e o frágil. O condutor, chamado auriga, dividia-se entre as rédeas e o chicote, vestindo uma túnica. Primava pela habilidade, já que dar a volta nas colunas dos hipódromos era tarefa difícil e perigosa. Poucos completavam as provas e já havia uns De Cesaris, que amarravam as rédeas às mãos, desafiando a morte. Emocionante, a disputa ficou cada vez mais sofisticada, com inovações nos carros e na seleção dos cavalos. Implementou o profissionalismo, com aristocratas preparando escravos para as corridas e lhes oferecendo a liberdade como recompensa pela vitória. Tudo bem que a intenção do barão de Coubertin foi boa ao redigir aquele parágrafo. Mas soa anacrônico quando um atleta já se submete a usar lentes de contato com o logo do patrocinador. Não, não defendo o automobilismo olímpico. Seria uma bobagem, como é no tênis. Só não aguento discursos hipócritas. Texto Anterior: Oscar adia recorde e diz que não faz mais contas Próximo Texto: Olympic Grand Prix; Indy terá 19 provas; A vaga de Hill; Nascar no Brasil; Lauda x Todt Índice |
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