São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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Militância muda papel em casa

DA ENVIADA ESPECIAL

A experiência de viver em comunidade, em um acampamento de sem-terra, marcou de tal forma a vida das mulheres que algumas não querem mais reassumir o papel de donas-de-casa.
Essa é a situação de Edna Maria Torreani, 27, casada, mãe de Raissa Roberta, 5. Edna viveu quatro anos acampada em frente à fazenda São Bento, na região do Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado de São Paulo), e há sete meses seu marido recebeu o esperado título de posse de terra e a família foi assentada na mesma São Bento.
"Meu marido quer que eu fique na cozinha, mas eu me acostumei com a agitação do acampamento. Minha vida como acampada era muito mais interessante do que agora, que estamos isolados em nosso lote", diz ela.
Edna tanto não se acostumou com sua nova situação "com terra" que se integrou ao time feminino de futebol de campo do acampamento de Taquaruçú e passou os últimos dez dias disputando a 2ª Olimpíada da Reforma Agrária, em Rosana, 100 km distante de sua gleba. O time foi um dos vencedores do torneio.
"Eu não queria ser assentada. Por mim, passaria o resto da minha vida em acampamentos, lutando pela causa", diz ela.
Edna resume sua trajetória da seguinte forma: "Há quatro anos meu marido quis ir para o acampamento e eu não queria. A situação se inverteu. Eu não mais quero sair de lá".

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