São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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Saúde favorece aposentadoria mais tarde

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

"Se as pessoas estão vivendo mais tempo e com melhor saúde, então elas devem se aposentar mais tarde. Será bom para a sociedade e para elas."
O diagnóstico político do médico Robert Butler, do Instituto Nacional da Velhice, em Washington, parece indiscutível.
O sonho dos "anos dourados", em que as pessoas aos 65 anos deveriam ser poupadas em definitivo do trabalho para aproveitar a vida, está sendo sepultado nos EUA.
As despesas com os idosos já são o principal item do orçamento federal norte-americano. Em 1955, a defesa representava 70% dos gastos do governo do país. Agora, 19% vão para as Forças Armadas e 34% para a Previdência.
Em 1900, a expectativa de vida nos EUA era de 47 anos no nascimento e de 77 para os que chegavam à idade de 65 anos. Agora, é de 76 no nascimento e 82 aos 65.
Além disso, quando a geração do "baby boom" atingir a idade da aposentadoria, daqui a 15 anos, o número de pessoas com mais de 65 anos no país será de um para cada cinco norte-americanos, em vez dos atuais um para oito.
A maioria dos analistas acha que será impossível se manter até o final da primeira metade do século 21 o atual sistema de Previdência, que já consome 7% do PIB do país e, em 2030, representará 30%.
Em 1948, metade das pessoas com 65 anos trabalhavam. Em 1995, só 16%. O que vai acontecer, portanto, não constituirá nenhuma novidade social.
Embora, previsivelmente, os beneficários potenciais da aposentadoria aos 65 anos reclamem, parece haver consenso político no Congresso e na sociedade quanto à necessidade de se alterar a lei e quanto à conveniência de fazê-lo.
Um projeto apoiado por senadores dos dois partidos está em tramitação para aumentar paulatinamente a idade para aposentadoria até chegar a 70 anos em 2034.
O mais provável é que os idosos misturem empregos de meio período com pensões reduzidas em relação às atuais, como universitários compõem, com frequência, sua receita com trabalho em tempo parcial mais bolsas de edtudo.
Segundo Butler, isso vai ser bom para os idosos. Recentes estudos mostram que as pessoas mais velhas que trabalham gozam de melhor saúde e vivem mais tempo do que as que se aposentam.
(CELS)

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