São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Falsa surpresa
SISLEIDE LIMA DO AMOR
O professor José Duarte tem sido um pai para todas nós, é um grande profissional, um dos responsáveis pela nossa boa campanha. Fisicamente, o time também está muito bem. O tempo que passamos nos EUA, um mês antes do início da Olimpíada, permitiu que a nossa parte física melhorasse. E a técnica também. Fizemos vários treinos e o resultado está aí. Esperamos que nosso esforço seja compensado com a diminuição do preconceito no Brasil em relação ao futebol feminino. Aqui nos EUA é emocionante ver garotas de sete, oito anos jogando futebol. Para nós, jogadoras de futebol, vocês não podem imaginar o que isso significa. É uma coisa de encher os olhos. Os pais incentivam as filhas a praticar futebol. Por que no Brasil não fazem a mesma coisa? Afinal, o Brasil é ou não é o país do futebol? Eu virei jogadora porque tive o apoio da minha família. Meu pai sempre quis ter um filho jogador de futebol. Meu irmão não tinha muito jeito, mas eu sempre gostei. Quando era pequena, costumava arrancar a cabeça das minhas bonecas para usar como bola. A vida de uma jogadora de futebol no Brasil é sacrificante, mas vale a pena lutar por um sonho. Jogadora de futebol no Brasil não ganha o suficiente para se me manter. Tem que arrumar outra coisa para fazer, algum bico. E aí fica difícil. É duro se dedicar seriamente a um esporte tendo que trabalhar oito horas por dia fazendo outra coisa. A seleção brasileira foi uma salvação. Nós, jogadoras, fomos contratadas pela Sport Promotion, que nos ajudou na preparação para a Olimpíada. Assim, pudemos nos dedicar para os Jogos Olímpicos sem ficar perdendo tempo com outros empregos. A minha vontade é retribuir o apoio e ganhar uma medalha. Antes do nosso último jogo, eu tinha dito que não adiantava ter ido bem contra a Noruega e o Japão e perder da Alemanha. Agora é a mesma coisa. Ainda não ganhamos nada. Vamos ganhar se o time vencer a China. Aí sim vale medalha. E contamos com a torcida de todos vocês. Porque, dentro de campo, procuramos retribuir com a maior garra, suando a camisa do Brasil. Texto Anterior: Média salarial da seleção é de R$ 1.000 por mês Próximo Texto: Tá na regra; Vagas certas; Combates decisivos; Você sabia?; Vertigem Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |