São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996 |
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Cota limita candidaturas de mulheres
PATRICIA ZORZAN
PSDB, PT, PPB e PFL pretendem restringir o número de candidatas a vereadora aos 20% mínimos estipulados pela lei das cotas. Dados dos partidos revelam que o número de pré-candidatas inscritas superou as 13 vagas disponíveis para as mulheres. "Sobrou candidata", declarou Luiz Antônio de Oliveira, membro da Executiva Estadual do PPB. Segundo Oliveira, apesar de as pré-candidatas serem "excelentes", o partido não poderia "preterir os homens". Também no PT a opção foi pela manutenção dos 20%. Mas, conforme informações do partido, havia mulheres para um número muito maior de candidatas. Só a chapa do PMDB -que ainda não foi aprovada pela convenção do partido e, por isso, não é definitiva- tem três mulheres a mais do que as previstas por lei. A explicação dos partidos para a diferença é que falta identidade política às mulheres e que o sexo não pode ser elemento determinante na escolha de um candidato. Para a deputada federal Marta Suplicy (PT-SP), autora do projeto que criou as cotas para mulheres, isso é "machismo puro". Segundo ela, os partidos investem em homens sem nenhuma chance de vitória, mas têm medo de arriscar com mulheres. "E as mulheres têm o que é mais importante para uma candidata: noção do que é prioridade", declarou a deputada. Silma de Carvalho Correa, do Conselho Estadual da Condição Feminina, atribui aos partidos a responsabilidade de politizar a mulher. "Mas as lideranças são formadas na ativa. E isso precisa ter um começo", disse ela. "Além do mais, há tantos homens fazendo feio no poder. As mulheres também podem errar." Na América Latina, o Brasil adotou a lei das cotas depois da Argentina, Uruguai e Paraguai. Desde 91, quando foi fixada em 30% na Argentina, o número de mulheres no poder subiu de 5% para 13%. "Não vamos ter, de jeito nenhum, 20% de mulheres eleitas no Brasil, mas vamos ter o dobro do que existe hoje", disse a deputada Marta Suplicy. O Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) estima em 100 mil o número de candidatas a vereadora em todo o país. Segundo o Ibam, dos 55 mil atuais vereadores, só 3,5% são mulheres. Texto Anterior: Caminhada reúne pessoas de 11 países Próximo Texto: Conselho dá orientação Índice |
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