São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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À frente do Líbano

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- Alguma coisa está acontecendo neste país.
A afirmação é de um americano comum, na ABC, no canal Superstation da TV a cabo. Tratava de Oklahoma, anterior a Atlanta.
Ontem na CNN, uma senadora -da subcomissão antiterrorismo do Senado americano- fez as contas:
- Com este incidente, com o Vôo 800, com Oklahoma City, a América está no meio de uma grande virada. Nós estamos agora entre os maiores, em incidentes terroristas no mundo. Nós estamos à frente do Líbano!
E com terror, em Oklahoma, em Atlanta, americano.
A CNN, desde as primeiras horas, falou em "incidente doméstico", ou ainda, em "grupo doméstico".
Um dos âncoras dizia ontem que o telefonema de aviso, antes da explosão, foi sem "sotaque internacional".
E um especialista em "milícias", na NBC, também no cabo, responsabilizou abertamente grupos americanos, como o de Oklahoma City.
Eles agem contra "tudo o que tenha a ver com autoridade federal e com influência internacional no país", daí os Jogos Olímpicos.
A reação federal veio em uníssono. Bill Clinton declarou que o atentado foi "dirigido ao espírito da nossa democracia", e Bob Dole comprometeu-se a "não deixar jamais que o terrorismo vença o espírito americano".
O temor da própria reação federal, a partir daí, foi expresso por outro senador da subcomissão antiterror:
- Não podemos nos tornar um estado policial.
Mas é o que promete.
*
Ouvido na CNN, entre vários correspondentes, Paulo Henrique Amorim, da Globo, nem acha tão ruim.
Pergunta e resposta:
- Nós chegamos a um tempo em nossa sociedade, nos Estados Unidos, quando temos que desistir de algumas das nossas liberdades?
- Talvez sim. Talvez sim.

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