São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996 |
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Aluno 'distorce' texto no 2º grau
FERNANDO ROSSETTI
Em sua tese de mestrado (leia sumário), Lobato pesquisou como 200 alunos de 1ª série de 2º grau interpretam textos. Também analisou livros didáticos e assistiu au las de literatura e português. Constatação numérica: de 17 protocolos verbais -técnica em que o aluno vai lendo o texto e dizendo o que pensa a respeito-, 12 apresentaram "apropriações". "Apropriação de texto" é um conceito usado para descrever um processo de interpretação que atribui sentidos a um escrito que não estão contidos nele. "Cada texto tem um leque de possibilidades de interpretação, mas, na apropriação, o aluno extrapola." Por exemplo, um texto jornalístico sobre o fenômeno da ressonância usa, para exemplificar o termo da física, a descrição da queda de uma ponte, provocada pela ressonância decorrente do vento. "Sobre o que é o texto?", pergunta Lobato. "Sobre a queda de uma ponte", responde o aluno. "Por quê?", questiona a pesquisadora. "Ah, a senhora sabe, os jornais gostam de catástrofes." Mais números: entre 80 pedidos de resumo de textos, 68 apresentaram "dificuldades sérias". "O que eu tento mostrar é que o desgosto pela leitura se deve ao fato de que o aluno não sabe ler. Ou seja, eles não sabem construir os sentidos sugeridos pelo texto." Para ela, são atividades como a leitura em voz alta ou questionários que apenas exigem do aluno a localização, no texto, de certos nomes ou informações, que acabam provocando essa distorção na compreensão do que é leitura. (FR) Texto Anterior: Autonomia sem medo Próximo Texto: 'Boca a boca' ajuda a tomar ônibus certo Índice |
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