São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Como foi o atentado

HORÁRIOS DE BRASÍLIA

Cronologia

. 1h58 - um técnico de som que trabalhava no show do grupo de rock "Jack Mack and a Heart Attack", no parque Centenário, percebe uma mochila suspeita junto à base da torre de som e avisa os seguranças do parque
. 2h07 - um telefonema anônimo para o número 911 (emergências) avisa que haverá uma explosão dali a 30 minutos
. 2h08 - o esquadrão antibombas chega ao parque; após a verificação de que há fios e um cano dentro da mochila, o local começa a ser evacuado
. 2h17 - começa a evacuação do parque como um todo
. 2h20 - a bomba explode
. 3h - todo o centro de Atlanta é cercado e bloqueado pela polícia; jornalistas são impedidos de entrar e sair do Centro de Imprensa
. 8h - o Comitê Olímpico Internacional anuncia a continuidade dos Jogos
. 9h - o FBI informa que a bomba era de fabricação caseira
. 11h - o presidente Bill Clinton condena o atentado, chamando-o de "ato de terror"

O local
O parque Centenário tem 21 acres e fica no centro de Atlanta, perto de diversos locais de competição e do Centro de Imprensa. É uma área aberta ao público e, por isso mesmo, de vigilância mais difícil. Para o local estão marcados diversos eventos culturais durante os Jogos. O comitê organizador da Olimpíada prevê que 100 mil pessoas frequentarão o parque durante o evento

O socorro
Poucos minutos após a explosão, dezenas de ambulâncias chegaram ao parque Centenário para socorrer os feridos. A maioria foi levada para o Georgia Baptist Hospital

A investigação
O telefonema anônimo avisando que a explosão ocorreria foi dado por um homem branco e norte-americano, segundo a análise de voz feita pela polícia a partir da gravação da chamada.
Pelo tipo de artefato, há suspeitas de autoria por parte de grupos paramilitares de extrema direita da Geórgia

A repercussão
"Vamos encontrá-lo e o submeteremos à Justiça"
(Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, sobre o autor do atentado)

"(O atentado) constitui uma agressão a toda a humanidade"
(Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil)

"Denota a mentalidade agressiva e extremista que têm alguns cidadãos dos Estados Unidos"
(Fidel Castro, presidente de Cuba, sobre o atentado)

Os mortos
Alice Hawthorne, 44, norte-americana (atingida por estilhaços de bomba)
Milih Uzunyol, 37, cinegrafista turco da TV estatal TRT (morreu de ataque cardíaco)

Segurança
a) na Vila Olímpica
- cerca de 3 m de altura com sensores ultra-sensíveis ao toque ao redor de toda a vila
- o visitante é obrigado a passar por uma rigorosa revista
- todos os integrantes das delegações, jornalistas e autoridades possuem credenciais contendo microchips com o registro das impressões da palma da mão direita e as áreas da vila a que a pessoa tem acesso
- a localização de cada delegação é mantida em sigilo
- sensores foram instalados perto dos dormitórios para detectar caminhões-bomba

b) na cidade
- cerca de 30 mil homens cuidam da segurança, incluindo 1.500 policiais estrangeiros
- dois helicópteros e um dirigível da polícia, vigiam a cidade do alto
- centenas de câmeras foram instalados em vários pontos da cidade e nos locais das competições
- todos os torcedores sofrem inspeção com detectores
- na esquinas da região central, há policiamento ostensivo, com seguranças uniformizados, armados e com cães amestrados
- repressão aos mendigos e prostitutas
- nos estacionamentos, seguranças mundidos de lanternas e espelhos examinam a parte de baixo dos carros

c) no aeroporto
Após a explosão do jumbo da TWA em Long Island, o grau de alerta no aeroporto foi elevado ao nível 4, o penúltimo antes da "emergência". A segurança no local foi reforçada, e alguns acessos ao aeroporto foram fechados

Providências por causa da explosão
- 10 mil homens da guarda nacional se juntam à segurança
- o FBI anuncia reforço geral na cidade
- todos os locais de competição sofrem nova revista
- as barreiras policiais no centro da cidade são ampliadas
- os atletas passam a ir mais cedo para os locais de competição
- a revista dos torcedores fica mais minuciosa
- é criado um número de telefone para denúncias
- soldados das Forças Armadas são deslocados para patrulhar Atlanta e as demais cidades que abrigam competições
- peritos em terrorismo e explosivos são convocados para a prevenção a novos atentados

Os antecedentes
- terroristas palestinos invade a Vila Olímpica durante a Olimpíada de Munique-72 e sequestra um grupo de atletas de Israel. Na tentativa de resgate pela polícia alemã, 11 israelenses, 5 palestinos e 1 policial são mortos num aeroporto nas proximidades da cidade
- no último dia 17, antevéspera da abertura dos Jogos de Atlanta, um avião da TWA que ia de Nova York para Paris explode, e 230 pessoas morrem; suspeitas de atentado levam as autoridades a reforçar a segurança no aeroporto de Atlanta
- no dia da abertura, um pacote encontrado no Centro Internacional de Rádio e Televisão de Atlanta provoca suspeita de bomba; alguns andares são evacuados, e o pacote é retirado, mas não se tratava de bomba

A bomba
De fabricação caseira, consistia em três canos atados cheios de explosivos. O artefato estava dentro de uma mochila, que também continha pregos e parafusos. Com a explosão, os estilhaços voaram a cerca de 90 m.

Como ficam os Jogos
O COI decidiu pela continuação normal da Olimpíada e determina um minuto de silêncio antes de cada competição, além do hasteamento da bandeira olímpica a meio-pau

"Nos Jogos Olímpicos, o mais importante é o bom desenvolvimento das competições. É o que está acontecendo"
(Juan Antonio Samaranch, presidente do Comitê Olímpico Internacional)

"Não se permitiu que a covardia se impusesse sobre o espírito olímpico. Esse espírito está muito vivo em Atlanta"
(Billy Paine, presidente do comitê organizador dos Jogos de Atlanta)

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