São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Golpista diz que não vai expulsar hutus

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pierre Buyoya, presidente de Burundi, disse ontem que irá acabar com a expulsão de refugiados hutus ruandeses.
É uma tentativa de controlar as condenações internacionais pelo golpe militar que o colocou no poder na última semana.
Buyoya, da minoria tutsi, disse que seu governo não irá forçar os hutus ruandeses a voltarem a seu país. Eles fugiram da Ruanda com medo de represálias por conta de um genocídio de tutsis promovido por hutus em 1994.
"Nosso governo irá respeitar as leis internacionais, inclusive a proteção de refugiados em nosso solo", disse.
Violando acordos internacionais, o Exército do Burundi forçou 15 mil hutus ruandeses a voltarem para seu país na última semana, antes do golpe em que o presidente Sylvestre Ntibantunganya foi deposto.
Cerca de 150 mil pessoas morreram nos últimos três anos em Burundi por causa dos conflitos entre hutus, 85% da população de 5,6 milhões, e tutsis, (14%) os quais dominam o Exército.
Os demais habitantes são da etnia twas (pigmeus).
Diálogo é a solução
Buyoya, em sua terceira entrevista coletiva desde que tomou o poder, repetiu sua oposição contra a intervenção estrangeira para acabar com a violência em Burundi.
"A intervenção de tropas estrangeiras foi muito mal recebida pela população. A solução para nossos problemas é o diálogo político", disse.
No entanto, os hutus do subúrbio de Kamenge, da capital Bujumbura, pediram intervenção.
Em um comunicado, Leonard Nyangoma, líder do CNDD (Conselho Nacional pela Defesa da Democracia, hutu), pediu calma à população e repetiu a ameaça rebelde de acabar com o novo regime por meios violentos.
"Pedimos a todos -hutus, tutsis e twas- que apóiem o movimento de resistência da CNDD e seu braço militar. Juntos iremos definitivamente acabar com esse regime militar ditatorial", disse Nyangoma no comunicado.
Os presidentes de Uganda, Yoweri Museveni, e da Tanzânia, Benjamin Mkapa, condenaram o golpe em Burundi, mas pararam de pedir o retorno de Ntibantunganya ao poder.

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