São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996 |
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A reação do jóquei
JOSIAS DE SOUZA São Paulo - Muito se disse sobre a saída de Domingo Cavallo. Mas faltou dizer o essencial: a queda do ministro argentino era inevitável como a vitória do "Dream Team".Cavallo estava para Menem como Fernando Henrique esteve para Itamar Franco. Por vezes, parecia mais poderoso que o chefe. O que espanta não é a sua saída, mas o fato de Menem ter demorado tanto a agir. Os últimos lances das trajetórias pessoais de Cavallo e de Fernando Henrique guardam certa semelhança. Ambos migraram da pasta das Relações Exteriores para o comando da economia, domaram a inflação e granjearam o reconhecimento de seus compatriotas. Passaram então a sonhar com a Presidência. Um sonho que, no caso de Cavallo, se fez pesadelo. Menem colheu, ele próprio, a safra de votos que a estabilização econômica semeou. Mudou a Constituição e se reelegeu. Eleito no Brasil, Fernando Henrique tratou de esvaziar a superestrutura da Fazenda. Tinha em José Serra uma opção partidária. Preferiu o inofensivo Pedro Malan. Alojado na pasta do Planejamento, de menor peso, Serra foi como que empurrado para a campanha municipal paulista. O brasileiro conhece como poucos a figura do superministro das finanças. Um personagem que, em tempos de ebulição inflacionária, fazia e acontecia, congelava e descongelava, desindexava e reindexava. Coroada com o confisco de Zélia e Kandir, a fúria pacotista ensinou ao Brasil que ministro da Fazenda é como ministro do Exército. Os melhores são os invisíveis. Sob Carlos Menem, a Argentina destacava-se como o único lugar do planeta onde o Cavallo montava o jóquei. Ao expurgar o ministro, o presidente argentino não está senão tentando retomar as rédeas de seu governo. Roque Fernández é o Malan de Menem. Texto Anterior: RECUPERAR A SAÚDE Próximo Texto: Antigos vícios Índice |
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