São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
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Erro técnico causou explosão em Osasco

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma série de erros na instalação de gás GLP (gás de cozinha) causou a explosão no Osasco Plaza Shopping que matou 42 e feriu 467 pessoas no dia 11 de junho, em Osasco, (Grande São Paulo). A conclusão é do laudo do Instituto de Criminalística, divulgado ontem em São Paulo.
O laudo divulgado relaciona oito empresas ligadas, direta e indiretamente, aos problemas surgidos nas tubulações de gás (leia textos nesta página).
Os representantes dessas empresas deverão ser chamados para depor.
Os peritos concluíram que o vazamento aconteceu em uma tubulação da gás desativada que saía da tubulação principal e deveria servir a loja 174.
No projeto original, a loja deveria ser uma lanchonete. Como isso foi mudado, a tubulação foi vedada e deixada no vão livre, entre o solo e a laje de concreto do piso do Osasco Plaza.
Essa tubulação terminava perto da casa do poço dos elevadores do shopping. Esse local foi, segundo o laudo, o epicentro da explosão.
Vedações
Segundo o diretor do IC de Osasco, Ronaldo Egidio dos Santos, a vedação das juntas das tubulações de gás também era inadequada. O material usado na tubulação da loja 174 seria rígido (como durepox) e não flexível (como teflon).
"Se a vedação fosse flexível, o gás poderia não ter vazado", disse. Os tubos de gás eram feito de ferro-carbono.
Ainda de acordo com o perito, uma das roscas da tubulação estava com defeito. Ela também teria sido feita de tal forma que tornava mais fácil um vazamento. "Essas roscas estavam em dois cotovelos no acesso à loja 174", afirmou.
O perito afirmou que esses problema não era uma falha do projeto. "As vedações não são projetadas e sim executadas."
Meio botijão
Segundo o perito, o total de gás que vazou no vão livre foi de 6,7 quilos -equivalente a meio botijão de gás. "É preferível guardar uma caixa de dinamite ou uma granada do que manter GLP em lugar confinado", afirmou Santos.
Outro falha encontrada pelos peritos é a posição das tubulações. Elas passavam no vão livre entre a laje e o solo. Ali, estavam fechadas e sem ventilação.
Segundo o diretor do IC de Osasco, o projeto original previa que essa tubulação iria passar pelo contrapiso (acabamento de argamassa feito para nivelar o piso).
Se o projeto fosse cumprido, a possibilidade de acúmulo de gás em um vazamento seria menor. "Não é preciso seguir o projeto desde que as alterações sejam feitas de forma adequada", afirmou.
O laudo do IC de Osasco tem cem páginas e foi assinado por oito peritos, seis deles engenheiros.

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