São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996
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Identificação espera 97

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Justiça calcula que vá precisar de pelo menos R$ 268,4 mil para exumar e/ou identificar 80 corpos de desaparecidos políticos cujos familiares afirmam saber onde estão enterrados.
Com base nessas informações, foram mapeados 12 cemitérios legais ou clandestinos em todo o país. Esse trabalho, no entanto, corre o risco de só ser executado em 1997 -caso sejam destinadas verbas no Orçamento da União.
Este ano não havia qualquer verba para tarefas desse tipo, até porque não eram previstas (a lei foi sancionada em dezembro do ano passado, quando o Orçamento estava fechado).
Apesar dessa limitação, uma equipe de legistas argentinos foi contratada neste ano para exumar corpos na região do Araguaia. Fez oito escavações, recolheu quatro corpos e, na quinta-feira passada, entregou o relatório do trabalho.
Luis Fondebrider, chefe da equipe, disse à Folha que o grupo não recebeu nada pelo trabalho, além do pagamento de despesas por 25 dias no Brasil -estimadas em R$ 37 mil.
Custos O cálculo de R$ 268,4 mil levou em conta tanto os custos com transporte, alimentação e hospedagem das equipes que farão o trabalho quanto do exame de DNA, que mapeia o código genético. Cada exame de DNA é estimado em R$ 1.000.
A maior parte do custo estimado refere-se à tentativa de identificação das 1.045 ossadas encontradas no cemitério de Perus, em São Paulo, em 1991. O Ministério da Justiça tem informações de que cinco delas podem ser de desaparecidos políticos.
O legista Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) -que tem sob guarda as ossadas-, não respondeu a um pedido de consultas do ministério sobre os custos da identificação. A estimativa (R$ 105 mil) levou em conta o custo de testes de DNA em 10% dessas ossadas.

Os cemitérios a serem pesquisados são: Vila Formosa (São Paulo), Ricardo de Albuquerque (Rio de Janeiro), de Campo Grande (São Paulo), municipal de Areia Branca (Santos, SP), Parque das Flores (Recife, PE), de Caruaru (PE), da Várzea (Recife, PE), Santo Amaro (Recife, PE), de Teófilo Otoni (MG) e Avaré (SP), além da região do Araguaia (PA e TO) e de ossos recolhidos no cemitério de Perus (SP), em 1991.

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