São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996 |
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Sem-terra invadem cinco fazendas em Goiás LAURO VEIGA FILHO LAURO VEIGA FILHO; IRINEU MACHADO
Em protesto contra a lentidão do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), cerca de 595 famílias de sem-terra invadiram cinco fazendas, em Goiás, neste último final de semana. A ofensiva faz parte da programação nacional definida pelo MST (Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e sindicatos de trabalhadores rurais para acelerar a reforma agrária. Segundo o diretor de formação sindical da Fetaeg (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás), Antônio Pereira Chagas, cerca de 550 famílias, lideradas pela entidade, ocuparam áreas em Tuverlândia e Montividiu (sudoeste do Estado), em São Miguel do Araguaia (na região do Mato Grosso Goiano) e em Formosa (próximo a Brasília). Tensão O foco de maior tensão, de acordo com Chagas, estaria em Tuverlândia, onde 40 famílias foram despejadas da fazenda Recanto Sonhado, no domingo, por ordem judicial emitida 24 horas após a ocupação. A Polícia Militar está na área. Os sem-terra estão acampados à beira da rodovia BR-060. Ontem, a direção da Fetaeg encaminhou à Superintendência Regional do Incra, em Goiás, pedido de vistoria da área, considerada improdutiva pelos sem-terra. Na cidade de Goiás, a 132 km da capital goiana, outras 45 famílias invadiram a fazenda Córrego do Jirau, de um dos líderes políticos da região, Brasílio Caiado. "A situação está calma e o dono está disposto a negociar", disse Divino José de Souza, da direção estadual do MST. Maranhão Advogados do Incra de Brasília devem ir a Imperatriz (MA) amanhã para fazer o ajuizamento das benfeitorias da fazenda Gleba Piquiá-Brejão, no povoado de Trecho Seco. A indenização pelas benfeitorias é, segundo o Incra, o que falta no processo de desapropriação da fazenda, iniciado em 94. Um grupo de 200 sem-terra que reivindica o assentamento na área continuou a ocupar o pátio do Incra em Imperatriz ontem, pelo segundo dia consecutivo. Eles fazem parte de um grupo de 90 famílias que estava acampado desde o último dia 14 na fazenda Santa Hilda, parte da Gleba Piquiá-Brejão. Os sem-terra foram despejados da fazenda na última quarta-feira e foram acampar às margens da rodovia Belém-Brasília (BR-010). No dia anterior, o sem-terra Antônio Veras Ribeiro foi encontrado morto na fazenda, com um tiro nas costas e dois golpes de facão no pescoço. A Polícia Civil prendeu Raimundo Bispo Martins, um dos invasores da fazenda, sob acusação de participação no assassinato. Outro sem-terra, também acusado, conhecido por José Maria, está sendo procurado pela polícia. Texto Anterior: Incra inicia programa em área do BB Próximo Texto: Itamar leva equipe para Washington Índice |
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