São Paulo, quinta-feira, 1 de agosto de 1996
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Sai a primeira liminar contra rodízio

DA REPORTAGEM LOCAL

Saiu ontem a primeira decisão da Justiça contra a Operação Rodízio 96, marcada para começar na segunda-feira. Doze advogados filiados à Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo) receberam liminar favorável da Justiça e estão desobrigados de cumprir a restrição.
No despacho, o juiz Danilo Paniza Filho, da 7ª Vara da Fazenda Pública, declarou: "Verifico presentes os requisitos necessários previstos em lei a ensejar a liminar". Para o presidente da Acrimesp, Ademar Gomes, 53, "a lei (do rodízio) é claramente inconstitucional". Segundo ele, o governo estadual não pode legislar sobre o trânsito dos municípios, que é de competência federal.
"Vamos impetrar mil mandados de segurança nos próximos dias e muitos vão conseguir a liminar", afirmou Gomes.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, afirmou que os argumentos jurídicos expostos na ação são inconsistentes. "Não há ofensa ao direito de ir e vir e ao direito de propriedade", declarou.
Ele afirmou que vai tomar medidas legais ainda hoje para derrubar a liminar. "À princípio, vamos pedir a reconsideração da decisão. Se for necessário, podemos impetrar um mandado de segurança contra o juiz", disse Feldmann.
Ele lembrou que no dia 5 de julho foi recusado um outro pedido de liminar pela juíza Helena Izumi Takeda, da 6ª Vara da Fazenda Pública. "Essa liminar que foi concedida não vai comprometer o rodízio", disse o secretário.
O juiz Danilo Panezza Filho, da 7ª Vara, disse à reportagem que as razões para conceder a liminar estão em seu despacho. "Não se pode descer à minúcia no momento de conceder uma liminar, para não entrar no mérito (conteúdo principal) da ação", afirmou.
Boicote em Diadema
A Prefeitura de Diadema (Grande São Paulo) decidiu ontem boicotar o rodízio de veículos por considerá-lo "uma atitude isolada, que não faz parte de um plano de controle ambiental amplo".
Diadema é uma das dez cidades da região metropolitana que terão de obedecer à lei aprovada. A restrição de circulação de veículos será implantada de segunda à sexta-feira, das 7h às 20h.
"O rodízio só traz transtornos e não soluções. Outras medidas, como a regulagem dos escapamentos dos veículos, são mais eficazes", afirmou Jorge Hereda, secretário municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
A partir da próxima segunda-feira, cerca de 50 estudantes e escoteiros recrutados pela prefeitura vão distribuir aos motoristas uma "Carta Aberta à População", em que são feitas críticas ao rodízio.
Os funcionários do Departamento de Trânsito de Diadema não vão aplicar as multas de R$ 100,00 aos motoristas que desrespeitarem o rodízio.
"O governo estadual impôs o rodízio sem sequer ouvir as prefeituras das cidades atingidas, que têm suas particularidades", afirmou Carlos Henrique de Oliveira, coordenador da Equipe do Meio Ambiente da prefeitura.
O principal ponto criticado pela prefeitura é a permissão para que caminhões fiquem fora do rodízio.
A cidade é cortada pelo sistema Anchieta-Imigrantes e pelo Anel Rodoviário Metropolitano, corredor viário que liga a região do ABC ao bairro do Jabaquara, na capital.
"Por causa disso, Diadema recebe diariamente um enorme volume de caminhões", afirmou Danilo Soares, diretor do Departamento de Transportes de Diadema.

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