São Paulo, quinta-feira, 1 de agosto de 1996
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Polícia responsabiliza dono e construtora

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas Wysling Gomes e a B7 Participações foram apontadas pela polícia como as principais responsáveis pela explosão que matou 42 pessoas no Osasco Plaza Shopping, no dia 11 de junho.
"A responsabilidade dessas empresas é clara e seus responsáveis devem ser indiciados", afirmou ontem o delegado Flávio Augusto de Souza Nogueira, responsável pelo inquérito que apura o caso.
As duas empresas negam qualquer tipo de responsabilidade. A B7 é dona do empreendimento e a Wysling construiu o shopping.
A explosão foi provocada por um vazamento de gás de cozinha nas conexões da tubulação do shopping, que ficava confinada em um vão entre o piso e o solo.
Segundo Nogueira, a tubulação foi feita pela Wysling Gomes, responsável também pela construção civil, e contrariou procedimentos e padrões técnicos. "Houve uma sequência de erros. O principal deles é que a tubulação jamais poderia passar por um espaço fechado."
No caso da B7, houve negligência, segundo o delegado, com relação às reclamações sobre cheiro de gás feitas por lojistas.
Apesar de o laudo afirmar que seria impossível uma ação preventiva na tubulação pelo fato de ela estar confinada, Nogueira disse que a administração do shopping deveria ter interditado o local.
"Se fosse interditado para exames cabíveis, levasse o tempo que fosse, o defeito seria detectado e tenho certeza absoluta que a tragédia seria evitada", disse o delegado.
Nogueira afirmou ainda que apura a responsabilidade de outras empresas.
O laudo do IC (Instituto de Criminalística), divulgado oficialmente ontem na Secretaria da Segurança Pública, cita outras cinco empresas envolvidas na implantação do sistema de distribuição e utilização de gás. São elas Projeção, BRR, Tetraeng, Seleme e Ultragaz. "Sabemos que algumas não têm responsabilidades no episódio", afirmou Nogueira.
Advogados
Arnaldo Malheiros Filho, advogado da B7 Participações, afirmou que o laudo do IC é "um grande atestado de inocência do shopping" ao apontar que seria impossível uma ação preventiva na tubulação de gás. "Pelos termos do laudo, não há fundamento para indiciamento. Não compreendo a atitude do delegado."
O advogado do Wysling, Cid Vieira de Souza, afirmou que a empresa apenas executou o projeto. "Nós vamos demonstrar que não temos responsabilidade."

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