São Paulo, quinta-feira, 1 de agosto de 1996
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Tumulto faz 15 mortos na África do Sul

Feridos em estação de trem são 60

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 15 pessoas morreram e 60 ficaram feridas em um tumulto em uma estação de trem de um subúrbio negro de Johannesburgo, quando guardas tentavam impedir que pessoas sem passagem embarcassem nos vagões.
Os guardas tentaram fazer com que uma pessoa embarcasse por vez, contendo a multidão com bastões eletrificados. O tumulto ocorreu na estação de Tembisa, por volta das 6h15 (0h15 no Brasil).
Segundo um inspetor da polícia, as pessoas que estavam na frente tentavam recuar, enquanto os de trás empurravam. "Aparentemente houve pânico, e pessoas morreram pisoteadas na escada que levava a um dos trens", disse.
Morreram no local 13 pessoas. Duas foram levadas para hospitais da região ainda com vida, mas não resistiram. Pelo menos 12 passageiros foram atendidos com ferimentos graves.
Uma testemunha ouvida por uma rádio local disse que algumas pessoas foram mortas pelos guardas nas plataformas.
Fontes hospitalares confirmaram que parte das mortes foi causada por choque elétrico.
Revoltada, a multidão cercou a estação e derrubou uma passarela sobre os trilhos. As bilheterias foram queimadas, e um botijão de gás que estava no interior do prédio explodiu.
Policiais e jornalistas foram apedrejados pela multidão, que exigia a entrega dos guardas.
A polícia tentou conter a multidão dando disparos para o alto e usando gás lacrimogêneo.
Os guardas, que foram contratados pela companhia estatal de trens para tentar conter as milhares de pessoas que viajam diariamente sem pagar passagem, foram retirados do local pela polícia.
O presidente da África do Sul, Nelson Mandela, disse que o episódio é uma "tragédia nacional" e pediu calma à população.
Ele prometeu uma investigação rigorosa para determinar e punir os responsáveis pelo incidente.
Lotação
Os trens de subúrbio, geralmente superlotados, são usados por milhões de pessoas que vivem em subúrbios negros para chegar ao trabalho em Johannesburgo.
"Os trens não estão lotados com passageiros que pagam passagem. A lotação é causada por aqueles que não pagam", disse Bintu Petsana, porta-voz da companhia estatal de trens.
A contratação dos guardas era parte de uma campanha da empresa para evitar o uso do meio de transporte por passageiros que não pagam passagem.

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