São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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Agora só na Austrália

WILSON BALDINI JR.

"Puxa, como os brasileiros são ruins no boxe!". "Nossa, cada surra que nós levamos dos cubanos e dos norte-americanos, hein?". Bem, estas foram algumas coisas que este colunista de boxe precisou ouvir nesta semana, depois que os nossos seis heróis olímpicos foram derrotados em Atlanta.
É verdade que alguns estavam brincando, mas para aqueles que falavam sério (talvez por falta de informação) alguns dados.
Cuba gasta cerca de US$ 1,5 milhão somente com aparelhos para um melhor treinamento de seus pugilistas. Apetrechos simples como protetores de cabeça e boca, sacos de areia etc. Nós, ao contrário, precisamos fazer um rodízio para que todos possam se preparar da "menor" maneira possível.
Nos Estados Unidos, oito grandes torneios amadores definem quais os representantes para a Olimpíada, depois de um garimpo que reúne mais de 30 mil lutadores.
Não fica um pouco difícil competir? Se pelo menos 10% dos US$ 5 milhões gastos com o todo-poderoso futebol de Zagallo fosse dividido com o boxe, até que se poderia cobrar alguma coisa.
Alguém havia ouvido falar em Daniel Bispo dos Santos antes do seu combate de domingo passado contra o francês, no qual ele derrotou por nocaute no 1º round?
Não. Mas todo mundo ficou "decepcionado" com sua derrota. E não vamos inventar desculpas. Bispo perdeu porque o alemão Ulrich foi melhor.
Mas pior do que perder nos ringues norte-americanos vai ser ver tudo voltar a estaca zero. Agora "os treinadores", verdadeiros milagreiros, e "o grupo de lutadores não prestam". Boxe amador brasileiro novamente só dentro de 42 meses. Ou seja, quando todo mundo voltar a falar em Olimpíada. Nas vésperas de Sydney-2000. Ou então, próximo de eleições políticas.

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