São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996 |
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O labirinto do labirinto Não sei se existiu um Teseu, ou um Minotauro. A palavra "labirinto" vem do grego "labrys", que significa um tipo de machado de duas lâminas. Talvez o labirinto de Creta tenha sido construído na forma desse machado. Talvez a história do Minotauro seja uma outra forma de contar histórias mais antigas ainda, em que entrava o machado, que era um símbolo de outros povos, anteriores aos gregos. Seja como for, a história nunca mais desapareceu. Acho que é porque, de certa maneira, todo mundo é um pouco Minotauro, e um pouco labirinto. Tem gente até que é um pouco Teseu. E tem Ariadnes, também. Fora das histórias, há outro tipo, ainda, de labirinto, um que todo mundo tem na cabeça. É o labirinto do ouvido, que ajuda a gente a manter o equilíbrio (veja abaixo). Se a vida da gente -tão cheia de coisas, com tantas pessoas e tantas surpresas- é, como se diz, um labirinto, e se cada um de nós já é um labirinto para si, então o labirinto do ouvido é o labirinto do labirinto do labirinto. E esta conversa está se tornando um labirinto cada vez mais complicado. Você pode ver, então, do que estávamos falando: como nas histórias de Borges, no romance de O'Brien, ou no velho mito grego, uma vez que se entra, não se sai nunca mais do labirinto. Você também já entrou: entrou no labirinto desta história. Bem-vindo ao labirinto! Texto Anterior: Viagem não chega a lugar nenhum Índice |
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