São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996 |
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Maquinistas evitam colisão de trens
SERGIO TORRES
O sabotador teria violado a fiação elétrica da estação de modo a liberar os mesmos trilhos para dois trens que viajavam em sentidos opostos, informou a Flumitrens (Companhia Fluminense de Trens Urbanos). O Sindicato dos Ferroviários do Rio nega que o sistema esteja sendo sabotado. Para a entidade, defeitos técnicos estariam pondo em risco a segurança dos passageiros que trafegam nas linhas da região metropolitana do Rio. O sangue-frio de dois maquinistas evitou que o desastre se consumasse. Rosinaldo Garrido, 29, conduzia o trem de oito vagões que, às 19h20 de terça-feira, deixou a estação Central (centro) rumo a Japeri (na Baixada Fluminense). O trem estava superlotado. A Flumitrens calcula em 2.000 passageiros (lotação máxima oficial). O sindicato, em 4.000. Para o maquinista, havia mais de 2.000. Garrido conta que, às 20h, se aproximava da estação de Ricardo de Albuquerque, a 40 km/h, quando viu um trem na plataforma. "Ninguém me avisou nada. De repente havia outro trem na frente", disse ele, que puxou o freio de emergência, abriu a porta e pulou. O acidente só não ocorreu porque o condutor do outro trem, Nilson Rabelo, desobedeceu a ordem de partida dada pela sinalização. Ele estranhou a luz vermelha logo após a verde e consultou o controle ferroviário. Pelo rádio, Rabelo foi avisado para recuar porque outro trem se aproximava. Ele avistou o trem a 50 metros. Enquanto recuava, o outro trem entrava na estação. Quando pararam, os trens estavam a 4 metros um do outro. Na busca das causas do quase acidente, a Polícia Ferroviária teria achado ligações clandestinas na fiação elétrica. Outra sabotagem Para o governo estadual, outra evidência de sabotagem teria ocorrido na madrugada do dia 25, na mesma estação. O secretário estadual de Transportes, Francisco Pinto, disse que o cabo de sinalização da estação foi cortado, deixando em pane os faróis que orientam os trens. Pinto afirmou que o suposto sabotador também teria danificado o equipamento que indica a presença de trens nas linhas férreas. "Não tenho dúvidas de que existe um sabotador. Uma pessoa que conhece muito bem o sistema, que sabe exatamente o que fazer, pois mexeu em pontos vitais. Um psicopata que colocou em risco milhares de pessoas", afirmou. O presidente da Flumitrens, Murilo Junqueira, disse que seguranças e funcionários estão alertados para a possível presença do sabotador. Segundo ele, não houve aumento do efetivo de vigilantes. Próximo Texto: Diretor não crê em sabotagem Índice |
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