São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Padre defende 2º casamento

MYRIAN VIOLETA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,

em Campo Grande
Defensor de uma tese polêmica na Igreja Católica, o padre italiano Luciano Scampini está trabalhando para formar em Campo Grande (MS) a Pastoral dos Divorciados Recasados ou Casais Irregulares, como são chamados pela Igreja.
Ele quer que o Vaticano reconheça e abençoe, através de cerimônias, matrimônios que aconteçam pela segunda vez.
Formado em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Letarense, em Roma, após três anos e meio de pesquisas, transformou o assunto em livro e o defendeu na Academia Afonsiana do Instituto Superior de Teologia Moral.
"Temos de nos converter. A Igreja caminha para essa abertura. Apesar de o papa João Paulo 2º não admitir ainda a questão, esse movimento vem das bases. Cedo ou tarde o Vaticano vai ceder."
Scampini, que está há 43 anos no Brasil, diz já ter feito mais de mil casamentos. "Que tipo de pastores somos nós se não recebemos no seio da Igreja um irmão porque não foi feliz no matrimônio?", diz.
"Deus não obriga ninguém a viver um inferno, e quando não há mais amor o casamento pode vir a se tornar um inferno. Os divorciados sentem muito mais a necessidade de se voltar a Deus que os outros casais", afirma.
A Igreja Católica considera o matrimônio indissolúvel.
Campo Grande, segundo dados do IBGE, é a segunda capital brasileira com o maior número de separações. O índice elevado de divórcios mereceu sermão do papa João Paulo 2º durante sua visita à cidade, em outubro de 1991.
Em missa campal a mais de 300 mil pessoas, segundo estimativa da PM à época, o líder da Igreja Católica discorreu sobre a importância da manutenção da família.

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