São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Poupança começa a reagir frente aos concorrentes

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A caderneta de poupança continua enfrentando saques e em julho voltou a perder da inflação. Sua competitividade frente a outras aplicações, entretanto, começou a ganhar fôlego em agosto e no final do ano poderá se tornar imbatível.
A solução encontrada pelo Banco Central, de cortar gradualmente o redutor, tem de fato um efeito lento. Mês a mês, entretanto, a poupança vai se aproximar dos CDBs mais rentáveis e dos fundos.
A relação entre poupança e taxa média líquida dos CDBs, calculada pela Taxa Financeira Básica, caiu de 89,49% em junho de 95 para 71,80% em junho de 96. Em julho, mesmo com o primeiro corte no redutor, a relação foi de 69,30%.
Para agosto, sempre considerando o dia 1º, a poupança já equivale a 72,47%. É o início da recuperação que deve se acelerar mais a partir de outubro, quando o corte no redutor passará de 0,05 ponto percentual para 0,10 a cada mês.
O problema da poupança não é propriamente sua distância da inflação, mas das outras alternativas, como os fundos. Redutor fixo no cálculo da TR é incompatível com queda de juros, pois achata a caderneta frente aos concorrentes.
A manutenção dos juros no mesmo patamar de julho, quebrando as expectativas de queda gradual, pode apressar a recuperação.
Simulações feitas por bancos indicavam que, a partir de novembro, a poupança já empataria com FIFs de 30 dias, mesmo aqueles com taxa de administração relativamente baixa, em torno de 2%.
O CDI está projetando 1,93% para este mês, e o mercado futuro continua a sinalizar queda gradual (menor) nos próximos meses.
Mas se um juro de 1,80% fosse, por hipótese, mantido até dezembro, em novembro a poupança já estaria batendo os FIFs de 30 dias e ameaçando os de 60 (ver gráfico).
Em dezembro, para qualquer das alternativas (juro hipotético fixo e queda gradual), a caderneta estará competitiva também com os fundos de 60 dias, podendo render até mais, dependendo da taxa de administração do FIF concorrente.
Nos fundos, a taxa de administração tem efeito semelhante ao do redutor da TR quando os juros caem. Mantida fixa, vai achatando o rendimento pago aos cotistas.
Para enfrentarem a caderneta no final do ano, os bancos terão de baixar as taxas de administração, principalmente os de varejo (grande clientela e ampla rede de agências), que em geral cobram mais.

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