São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Os quintos

CIDA SANTOS

Atlanta foi uma Olimpíada de lágrimas para o vôlei brasileiro. A imagem que ficou foi a do choro descontrolado de Márcia Fu logo depois da derrota para Cuba na semifinal. Era o retrato de um time que trabalhou muito e não conseguiu realizar o sonho de disputar uma final olímpica. No masculino, ficou o choro de Paulão, um capitão interino que sonhava se despedir da seleção em um pódio.
No feminino, Brasil e Cuba jogaram de igual para igual. Os treinos com times masculinos melhoraram, e muito, o bloqueio brasileiro, que foi um paredão contra os ataques cubanos. A diferença foi nos pequenos detalhes, aqueles que fazem o campeão. Na hora que não pode errar, Cuba não erra. No tie-break, as cubanas foram perfeitas. O Brasil errou até o saque.
Com o bicampeonato olímpico, Cuba completa um ciclo de quatro anos no topo do mundo do vôlei e iguala a façanha da então URSS, que era a única seleção que havia conquistado dois títulos olímpicos seguidos, em 68 e 72. Ao Brasil restou o bronze, que, embora não fosse o metal sonhado pelo time, entra na história como a primeira medalha olímpica do vôlei feminino do país.
Com a seleção masculina, a história também foi sofrida: duas derrotas inesperadas e muita angústia em quadra. O jogo contra a Iugoslávia, que selou a sorte do Brasil, foi um dos mais dramáticos dos últimos tempos. Foi a luta desesperada e inglória de um time campeão olímpico, com problemas de bloqueio e saque, para tentar se manter entre os quatro melhores do mundo.
A derrota para a Iugoslávia deixou a imagem desolada dos jogadores brasileiros: uns sentados no banco, outros na quadra, mas todos parados, olhares perdidos, parecendo não entender o fim de um reinado olímpico. O certo é que o time definitivamente não é mais o número um, mas o quinto do mundo.

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