São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Planet quer baixar fumaça

CÉLIA ALMUDENA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Planet Hemp (Planeta Maconha, em inglês) vai tocar em São Paulo sim, no próximo dia 13. Os fatos de Vitória (ES) e da Bahia, onde shows da banda foram proibidos e várias pessoas foram presas, não devem se repetir por aqui.
Isso porque a banda está tomando medidas legais para evitar esse tipo de acontecimento. "Acho muito difícil que role problema em São Paulo. Estamos tentando conseguir uma liminar para garantir nossas apresentações em todo Brasil", conta Ronaldo Pereira, produtor da banda.
No momento a banda excursiona pelo país, fazendo cerca de três shows por final de semana. Quando param um pouco em casa, no Rio, entram no estúdio Totem, onde preparam um disco novo, que deve ser lançado no final do ano.
Em entrevista por telefone para a Folha, Marcelo D2 diz que a banda vai continuar defendendo a liberdade de expressão. "É a nossa realidade, coisas que nos incomodam. Se vivêssemos num mar de rosas, falaríamos de coisas bonitas, mas não tem tanta coisa bonita assim pra se falar", diz.
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Folha - Você acha que as letras do Planet Hemp fazem apologia da maconha?
Marcelo D2 - De jeito nenhum. Tivemos problemas na Bahia, por exemplo, em que eles colocaram no processo pedaços de letras isolados. Olhando assim, dá até uma certa impressão de apologia. Eles colocaram só algumas frases, mas o que vem em seguida a elas é uma história, é uma obra inteira, não pode separar uma parte da outra e dizer que a gente faz apologia. De jeito nenhum. Não quero que as pessoas fumem maconha. Pelo contrário, a principal bandeira da gente é que as pessoas possam fumar ou não, sem sofrer com isso.
Folha - Vocês estão tomando alguma medida legal para garantir a realização do show em São Paulo?
Marcelo - A gente não podia fazer nada antes desse episódio em Salvador porque apenas um show havia sido proibido, o de Vitória. Agora a gente está tentando conseguir uma liminar que dê direito para a gente tocar em todo Brasil. Estamos vendo com o Gabeira, correndo atrás, para ver se não acontece mais isso. Porque acaba sendo chato e frustrante pra caramba. Um show de rock não faz tão mal quanto toda essa violência que a polícia provoca, como aconteceu em Salvador, que acabaram batendo nas pessoas. Nossos shows não são violentos, nunca têm brigas.
Folha - Vocês não têm medo de que essas notícias de prisões e proibições de shows acabem afastando o público?
Marcelo - Não sei se a preocupação é essa. Na verdade, fico mais preocupado de as pessoas irem e serem presas mesmo. Tenho medo de nossos shows acabarem virando isca pra gurizada. Acho que as pessoas tem de ir sem nada, ir para se divertir, curtir o som. Mesmo porque ainda não é liberado, então não pode abusar da sorte.

Show: Planet Hemp
Quando: 13 de agosto, a partir das 21h
Preços: R$ 20 (pista), R$ 30 (setor C) e R$ 40 (camarote)
Censura: 14 anos
Onde: Olympia, rua Clélia, 1.517, Lapa (zona oeste), tel. (011) 252-6255

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