São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Peter busca a inocência

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"No Mundo do Cinema" (Telecine, 12h55) foi um dos mais retumbantes fracassos dos meados dos anos 70. E com certa razão.
Peter Bogdanovich já havia explorado mais ou menos todas as possibilidades de retorno nostálgico a este mundo: "A Última Sessão de Cinema", "Esta Pequena É uma Parada", "Lua de Papel" evocaram, de diversas maneiras, o filme clássico, esse universo de fantasia, num momento em que a Guerra do Vietnã fazia os EUA sonharem com o passado.
"No Mundo do Cinema" chegou na hora em que o filão se esgotava (e a guerra terminava, no mais) e remetia a um passado mais remoto, aos fazedores de filmes do início do século.
No mais, Bogdanovich já estava marcado pelo nostalgismo. Quisesse ou não, sua paixão havia virado sua mercadoria. O que alguns anos antes era redescoberta e, portanto, conhecimento, havia se transformado num fetiche.
Bem, o fracasso tem razões muito claras. Agora, vinte anos depois, "No Mundo do Cinema" é, em boa parte, outro filme. Quanto mais nos afastamos das origens do cinema, mais elas interessam, e não por nostalgia.
Essa visita a um cinema nascente reveste-se, hoje, de outro significado. Já não é a América que tenta dar as costas a uma guerra frustrada. É o olhar a um país que busca reencontrar sua inocência. Talvez isso não seja possível, exceto como desejo, mas tem significado.
(IA)

Texto Anterior: 'Jorge Amado' reafirma o país cordial e mestiço
Próximo Texto: Esforço; Denúncia; Coincidência; Tela grande
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.