São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996 |
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Peter busca a inocência
INÁCIO ARAUJO
Peter Bogdanovich já havia explorado mais ou menos todas as possibilidades de retorno nostálgico a este mundo: "A Última Sessão de Cinema", "Esta Pequena É uma Parada", "Lua de Papel" evocaram, de diversas maneiras, o filme clássico, esse universo de fantasia, num momento em que a Guerra do Vietnã fazia os EUA sonharem com o passado. "No Mundo do Cinema" chegou na hora em que o filão se esgotava (e a guerra terminava, no mais) e remetia a um passado mais remoto, aos fazedores de filmes do início do século. No mais, Bogdanovich já estava marcado pelo nostalgismo. Quisesse ou não, sua paixão havia virado sua mercadoria. O que alguns anos antes era redescoberta e, portanto, conhecimento, havia se transformado num fetiche. Bem, o fracasso tem razões muito claras. Agora, vinte anos depois, "No Mundo do Cinema" é, em boa parte, outro filme. Quanto mais nos afastamos das origens do cinema, mais elas interessam, e não por nostalgia. Essa visita a um cinema nascente reveste-se, hoje, de outro significado. Já não é a América que tenta dar as costas a uma guerra frustrada. É o olhar a um país que busca reencontrar sua inocência. Talvez isso não seja possível, exceto como desejo, mas tem significado. (IA) Texto Anterior: 'Jorge Amado' reafirma o país cordial e mestiço Próximo Texto: Esforço; Denúncia; Coincidência; Tela grande Índice |
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