São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Advogado assiste a "Trainspotting"

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

"Trainspotting - Sem Limites" teve sua pré-estréia, sexta-feira à noite no Cine Belas Artes, marcada pela presença do advogado Bension Coslovsky, 58, que entrou com uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo a apreensão do filme.
Coslovsky acha que a produção britânica promove o consumo de heroína e quer bani-la das telas brasileiras. Ele ainda não havia visto o filme quando tomou a decisão e baseou seu pedido numa crítica publicada pelo jornal norte-americano "The New York Times".
Antes de entrar no cinema, o advogado disse à Folha que este tipo de filme "promove mensagens negativas entre os jovens" e que "pode levar ao suicídio em momentos de depressão". Mais: "O filme oferece como saída para a crise a opção do roubo, do sexo e do ócio", afirmou.
Américo Isquierdo, 27, professor de história que iria assistir a "Trainspotting", acha que um controle prévio sobre o filme "pode abrir um precedente perigoso".
Heroína
Com quase todos os 160 lugares da sala Aleijadinho ocupados, Bension Coslovsky assistiu ao filme atrás da última fileira, sentado em uma cadeira extra.
Durante as cenas mais fortes de "Trainspotting", quando o personagem Renton e seus amigos aplicam heroína, ele anotava os diálogos e impressões num pedaço de papel. Na saída do cinema, disse que pensou em abandonar a sessão e que ainda estava chocado com o que tinha visto.
Censura
No final da sessão, o estudante Flávio Aquistapaz, 18 -que estava tentando assistir "Trainspotting" pela segunda vez-, debateu com Coslovsky o filme e sua possível censura.
Aquistapaz, que é contra qualquer tipo de censura, começou dizendo a Coslovsky que discordava radicalmente de sua opinião sobre a moral do filme. Para o estudante, cabe ao espectador julgar se "Trainspotting" merece ser visto ou não. "O filme não tenta conduzir a nenhuma conclusão."
Quando Aquistapaz afirmou fazer "uso esporádico" de cocaína, maconha e álcool, o advogado disse que, neste caso, a situação era diferente. "Você é estudante e tem uma ocupação, ao contrário dos desempregados do filme", respondeu.
"Nunca fumei, nunca cheirei e sou avesso a qualquer tipo de tóxico", acrescentou o advogado.

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