São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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CORRUPÇÃO

A polícia argentina levantou suspeitas de que o suposto ataque violento sofrido nesta última semana pelo jornalista Santiago Pinetta, autor da denúncia de irregularidades que levou ao cancelamento de contrato entre o Banco de La Nación Argentina e a IBM, teria sido uma farsa.
Ainda que Pinetta pudesse ter provocado em si mesmo os ferimentos que sua fotografia evidencia, o fato é que esta não é a primeira denúncia de agressões por grupos não identificados a jornalistas que criticam o governo. Mas o principal em tal episódio é que ele coloca mais uma vez em evidência, ainda que indiretamente, o tema da corrupção em países latino-americanos, neste caso, na Argentina. Afinal, sobre isso versam as denúncias de Santiago Pinetta.
No Brasil, a corrupção chegou a provocar o impeachment de um presidente da República. Na Venezuela, a prisão. E o principal sócio do Brasil no Mercosul não esteve isento de acusações e suspeitas, ainda que sem consequências políticas maiores. Matéria de capa do último número da revista "Latin Trade" chama a corrupção de "a outra face dos negócios na América Latina".
As nações da América do Sul certamente não possuem a exclusividade em relações criminosamente promíscuas entre governantes e determinados grupos de interesse. Escândalos como os da Itália ou os ocorridos em grau insuspeitado no Japão -para não mencionar as máfias em países do antigo bloco socialista- são apenas casos que maior destaque receberam ultimamente.
Ainda assim, na medida em que regimes sem liberdade de imprensa nem alternância de poder favorecem a corrupção, é de se esperar que, além de consolidar a democracia, países latino-americanos tenham presente que ainda há um longo caminho a percorrer na moralização das práticas políticas.

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