Folha de S.Paulo - Rodízio começa com adesão de 88%, mas não melhora a condição do ar

São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996

Rodízio começa com adesão de 88%, mas não melhora a condição do ar

DA REPORTAGEM LOCAL

O rodízio de veículos com multa, experiência inédita iniciada ontem em dez municípios da Grande São Paulo, foi cumprido por 88,5% dos motoristas, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que coordena a operação.
Apesar disso, o nível de poluição se manteve alto, com 10 das 25 estações da Cetesb (Companhia de Saneamento Ambiental) registrando condição inadequada do ar. Em outras sete, foi regular.
Segundo os técnicos da empresa, as condições para dispersão dos poluentes eram ruins ontem, especialmente devido à falta de vento.
O diretor da Operação Rodízio, Albert Szwarc, disse que, se não fosse pela operação, poderia ter sido verificado estado de atenção em pontos da Grande São Paulo.
Os organizadores do rodízio não divulgaram ontem dados sobre poluição que permitissem comparação com dias de condições climáticas semelhantes.
Multas
Até as 13h de ontem, 8.332 carros haviam sido multados por desrespeitar a proibição de circular com os finais 1 e 2.
Isso significa uma perspectiva de arrecadação de R$ 833 mil reais para a Secretaria do Meio Ambiente, que não teria onde aplicar o dinheiro, se o recebesse hoje.
"Estamos estudando formas jurídicas de criar um fundo, mas certamente o dinheiro será aplicado em projetos de combate à poluição", afirmou Feldmann.
No primeiro dia da operação, houve problemas com a fiscalização. Dos 400 funcionários da Cetesb que deveriam participar, entre 100 e 200 -a secretaria não soube precisar o número- deixaram de atuar.
A empresa iniciou greve ontem, que prossegue hoje.
O rodízio também não pôde contar com os 900 marronzinhos, funcionários da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que não foram liberados para multar pela Prefeitura de São Paulo.
Praticamente a totalidade dos motoristas multados ontem não foi avisada sobre a autuação.
O rodízio prossegue hoje, com os finais 3 e 4 proibidos de circular. A multa para que desrespeitá-lo é de R$ 100, mas dobra na reincidência.
O secretário Feldmann acredita que o nível de respeito à operação será mantido.

LEIA MAIS sobre rodízio na Grande São Paulo nas págs. 4 e 5

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