São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Vicunha e operários não chegam a acordo no TRT

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não houve acordo ontem na audiência de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) entre a Vicunha, um dos maiores grupos têxteis do país, e o Sindicato dos Têxteis de São Paulo.
O representante da Vicunha, Ademir José Scarpin, não aceitou a proposta do juiz Argemiro Gomes, do TRT, de julgar, baseado na Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), as mil demissões promovidas pela empresa na semana passada e o fechamento da fábrica no Tatuapé (zona leste).
O TRT deve, agora, julgar o pedido do sindicato dos trabalhadores de reintegração dos mil demitidos. A data da audiência ainda não foi marcada oficialmente.
"Mas temos informações que a audiência será marcada para amanhã", diz José Gonzaga de Queiroz, representante da diretoria do sindicato dos trabalhadores.
A Convenção 158 da OIT, assinada neste ano pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, proíbe, entre outras coisas, demissões injustificadas de funcionários.
Há cerca de um mês o mesmo TRT deu ganho de causa aos funcionários da metalúrgica Crones, de Diadema, que também havia demitido funcionários sem justa causa.
Na ocasião, os funcionários da empresa pediram a reintegração do demitidos baseados na convenção internacional.
Desocupação
Também ontem os funcionários da Vicunha deixaram a unidade da empresa no Tatuapé, ocupada desde quinta-feira passada.
Por volta das 12h30, um oficial de Justiça chegou ao local determinando a saída dos operários e sindicalistas. Não houve conflito.
Na sexta-feira passada, a Vicunha havia conseguido, na Justiça, a reintegração de posse de sua fábrica no Tatuapé. A Polícia Militar marcou a desocupação para sábado. Acordo entre funcionários, Justiça e empresa, no entanto, adiou para ontem a desocupação.
Segundo Queiroz, após a desocupação, os trabalhadores decidiram ficar acampados em frente à fábrica até que a empresa decida reverter a situação.
"A empresa não passa por nenhuma dificuldade econômica ou financeira que possa justificar as demissões", afirma Queiroz.
A estratégia do sindicato é que grupos de 50 funcionários acampem em frente à empresa, em esquema de revezamento.
As demissões da Vicunha fazem parte da tendência da indústria têxtil de desativar unidades na capital paulista na tentativa de obter menores custos de produção em outras regiões.

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