São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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TEMPO CORRIDO

ANDRÉ FONTENELLE
ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA

"A medalha veio nos últimos 22 segundos e 29 centésimos", disse Fernando Scherer ao conquistar o bronze nos 50 m, nado livre.
Scherer não contava seus oito anos como nadador, mas foi o brasileiro que conquistou a medalha mais "rápida" nestes Jogos.
Considerando apenas o tempo gasto nas provas que deram a medalha, Scherer levou 1 minuto, 7 segundos e 68 centésimos entre o salto na água para a primeira eliminatória e o toque na borda, na chegada da final dos 50 m.
O catarinense poderia ter levado a medalha ainda mais velozmente, não fosse um imprevisto: teve que nadar três vezes a distância, e não duas, como é comum.
Ele empatou com dois adversários no sétimo lugar das eliminatórias e teve que disputar um tira-teima para garantir a vaga na final.
Em relação ao tempo, porém, nenhum caso na Olimpíada foi mais curioso do que o dos nadadores Jani Sievinen, da Finlândia, e Paul Palmer, da Grã-Bretanha.
Na eliminatória dos 200 m livre, os dois empataram em 1min49s05. Foi necessário um desempate para determinar qual disputaria a final.
No desempate, Sievinen saiu na frente. Palmer tomou a liderança, mas o finlandês reagiu. Resultado: novo empate, em 1min48s89.
Sievinen ficou tão aborrecido que renunciou a um novo desempate, preocupado com outra prova que disputaria no dia seguinte.
Os nadadores, em geral, são os que têm que competir menos tempo para conquistar uma medalha.
Mas a prova mais curta é a dos 100 m rasos, no atletismo. Para disputar as quatro baterias que o levaram à medalha de ouro, o canadense Donovan Bailey gastou 40 segundos e 13 centésimos -9 segundos e 84 centésimos para bater o recorde mundial, na final.
No revezamento 4 x 100 m, os brasileiros precisaram superar quatro baterias, batendo duas vezes o recorde sul-americano, para chegar à medalha de bronze.
Outro esporte com medalha "rápida" é o hipismo.
Ao todo, os quatro cavaleiros brasileiros consumiram pouco mais de 12 minutos para realizar oito passagens e ganhar o bronze.
Pouco tempo, aparentemente. Mas a prova levou mais de oito horas entre o começo e o final.
No judô, as lutas masculinas, que valeram dois bronzes ao Brasil, levam cinco minutos cada uma.
Às vezes, bem menos tempo. Na categoria médio, o holandês Mark Huizinga bateu o canadense Nicolas Gill em apenas cinco segundos.
Os esportes coletivos tomam bem mais tempo, mas o esforço é dividido entre toda a equipe.
A seleção brasileira de futebol masculino levou 9 horas e 3 minutos para ficar com o decepcionante bronze -os 90 minutos de cada jogo (sem contar descontos) e os três minutos da trágica prorrogação na semifinal contra a Nigéria.
O vôlei é o mais longo de todos. A seleção brasileira feminina precisou de mais de 11 horas na "saga" até a inédita medalha de bronze.

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