São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Nasa acha indício de vida em Marte

CHARLES ARTHUR
DO "THE INDEPENDENT"

Cientistas norte-americanos acreditam ter encontrado resquícios de vida extinta em Marte -o primeiro indício de vida fora da Terra.
O anúncio foi feito por uma equipe da agência espacial norte-americana, a Nasa, que vem estudando meteoritos vindos de nosso vizinho mais próximo.
Consta que os cientistas descobriram o fóssil de uma forma de vida extinta há muito tempo -quase certamente um organismo unicelular muito simples. O organismo provavelmente teria vivido em água presa sob a superfície do planeta, há bilhões de anos.
O fóssil encontrado estava encravado num meteorito do tamanho de um melão, encontrado em 1984 na Antártida. Trata-se de 1 de 12 meteoritos de tamanho razoável cuja composição indica que seriam originários das rochas vulcânicas de Marte. O organismo teria vivido na água que deve ter existido em abundância na superfície de Marte, em um passado distante. O organismo poderia ter ficado preso na rocha em decorrência de uma erupção vulcânica que poderia tê-lo atirado da superfície do planeta, ou poderia ter sido atirado ao espaço pelo choque de um meteorito. As enormes pressões exercidas contra ele o teriam matado e fossilizado, preservando seu contorno e sua microestrutura na rocha à sua volta.
"Se os cientistas realmente encontraram algo, então é totalmente fascinante e tem ramificações imensas para nós", disse Monica Grady, pesquisadora de meteoritos do Museu de História Natural. "As rochas mais antigas da Terra também ostentam microfósseis, indicando onde foram captadas bactérias."
No início do ano, um encontro internacional de cientistas planetários, promovido em Londres, divulgou que a vida pode ter se originado na superfície de Marte à mesma época que na Terra, aproximadamente 3,8 bilhões de anos atrás.
Mas à medida que o planeta foi se afastando do Sol, sua água se deslocou para debaixo da superfície, e o mesmo teria acontecido com quaisquer organismos vivos que habitassem na água.
Esses organismos teriam "migrado" em busca de calor vulcânico, que forneceria a energia necessária à vida.
É possível, entretanto, que um organismo terrestre antigo tenha penetrado o meteorito, que teria estado extremamente quente após sua passagem pela atmosfera, e que esse organismo teria, então, ficado preso ali enquanto o meteorito esfriava e endurecia. Segundo a pesquisadora Grady, uma contaminação desse tipo seria possível.
"O organismo em questão poderia encontrar-se na superfície da Antártida há milhares de anos, transportado pelo gelo e exposto aos ventos, e poderia ter contaminado o meteorito. No entanto, milhares de meteoritos já foram encontrados na Antártida, e nunca antes houve uma descoberta semelhante."

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