São Paulo, quinta-feira, 8 de agosto de 1996
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Maluf parte para a ofensiva para neutralizar tragédia na Cohab

Prefeito quer "PT fora do Brasil" e critica José Serra

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), partiu ontem para a ofensiva contra o PSDB e o PT.
O objetivo da investida: neutralizar eventual impacto negativo na campanha de seu candidato a prefeito paulistano, Celso Pitta, em função da exploração pelos adversários (o tucano José Serra e a petista Luiza Erundina) da tragédia da Cohab José Tiradentes, ocorrida anteontem.
"Quem está em 4º lugar nas pesquisas (José Serra), precisa dizer primeiro por que despencou de avião sem pára-quedas", disse Maluf, por achar que na atual situação o tucano não tem "autoridade moral" para falar.
O prefeito ainda complementou: "Estou bem nas pesquisas porque trabalhei. Tenho calo nas mãos. Alguns candidatos só tem calos na língua. Só sabem prometer".
Maluf ainda ironizou o apoio oficial manifestado pela Igreja Universal à candidatura tucana: "Se a igreja tomou essa decisão, tomou definitivamente o bonde errado".
Em relação ao PT, disparou: "O PT é na verdade o partido mercadológico da denúncia", referindo-se também às várias representações feitas pelo partido em relação à campanha pepebista.
Em comício para cerca de 200 pessoas ontem à noite na Vila Califórnia (zona leste da cidade), Maluf puxou o coro: "Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos que o PT vá pra fora do Brasil".
O PSDB e o PT cobram a responsabilidade da prefeitura na tragédia. Foi a prefeitura que colocou os favelados no alojamento que pegou fogo. Morreram dez pessoas (sendo sete crianças).
O prefeito Maluf praticamente assumiu o papel de escudo de Pitta. "Quando lanço candidato, dou para ele uma bóia e, se possível, uma lancha", disse ele, reafirmando a disposição de manter-se à frente na campanha de Pitta.
Repetindo o tom de Maluf, Pitta reagiu ao uso político do episódio pelo PT e pelo PSDB: "Usar a desgraça alheia com essa finalidade é no mínimo sórdido". Mas evitou quatro vezes dizer se irá responder aos ataques na televisão.
No comício, seguindo o ritmo de Maluf, Pitta atacou Erundina: "São Paulo não é laboratório. Não adianta dizer agora que errou e mudou. Não vamos deixar a cidade cair nas mãos de gente irresponsável".
Rodízio desrespeitado
Maluf e Pitta realizaram, das 15h30 às 18h30, carreata de 35 km por ruas de bairros da zona leste (Mooca, Tatuapé, Vila Formosa, Sapopemba, Vila Califórnia e Vila Prudente). Nesses dois últimos bairros, houve comícios.
Dois candidatos a vereador, Vicente Viscome e Archibaldo Zancra, levaram à praça Robert Kennedy (Mooca), local de saída da carreata, carros com placas de finais 5 e 6, que não poderiam circular ontem, de acordo com a tabela do uso de veículos: eram um Fiat (BOF-5766) e um Gol (BOF-5015).
No local, ainda estava a bateria da escola de samba Nenê da Vila Matilde (ônibus da Viação São José transportou os sambistas).

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