São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família pede libertação de sequestrado

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A família do empresário Antônio Alves Barril, 66, sequestrado há 101 dias, fez ontem um apelo para que os sequestradores voltem a negociar. Eles não fazem contato há um mês. Três resgates foram pagos, e Barril não foi solto.
O sequestro do empresário, um dos sócios da construtora e incorporadora Barril, é o mais longo da história do Estado de São Paulo.
"Pedimos para qualquer testemunha nos procurar. Queremos que os sequestradores telefonem", disse Antônio Eduardo Barril, 35, filho do empresário.
A Folha apurou que a família pagou três resgates -o primeiro de aproximadamente R$ 200 mil, o segundo de R$ 100 mil e o terceiro de R$ 60 mil. "Não confirmamos esses valores", disse José Custódio Filho, 51, advogado da família.
A Delegacia Anti-Sequestro trabalha com a hipótese de que o empresário esteja morto. "Ainda temos esperança e fé de que ele esteja vivo", disse Antônio Eduardo.
Ação
Barril foi sequestrado em 29 de abril passado, às 20h30, quando saía do dentista, na praça Silvio Romero, no Tatuapé (zona leste). Não há testemunhas do crime.
Três horas depois, os sequestradores ligaram para a família. Disseram onde estava o Audi do empresário e a chave do carro.
O veículo, com a chave sobre um dos pneus, foi encontrado no local indicado, a rua Ramos de Azevedo, em Guarulhos (Grande São Paulo).
No carro, os familiares encontraram um bilhete escrito em computador que pedia R$ 5 milhões de resgate e que a imprensa e a polícia ficassem afastadas do caso.
A família passou a negociar, mas nunca obteve dos sequestrados uma prova de que Barril estivesse vivo. "Diziam que meu pai não cooperava e que o cativeiro era distante", afirmou Antônio Eduardo.
Perto do primeiro pagamento, a família recebeu dos sequestradores uma única "prova": a aliança de casamento do empresário.
Rádio
Acertado o valor, a família começou a primeira operação de pagamento. Ela foi frustrada por um erro dos sequestradores.
No dia seguinte houve nova operação. Os sequestradores deram instruções por meio de bilhetes até levar o representante da família ao 40 km da rodovia Castelo Branco.
No local, os sequestradores deixaram um rádio HT, por meio do qual passaram a última instrução: o dinheiro devia ser deixado em um pneu que estava no acostamento do 44 km da rodovia.
"Disseram que meu pai seria libertado." Cinco dias depois, um novo pedido de resgate, pago após dez dias. O último resgate foi pago pela família há um mês.

Texto Anterior: Conferência internacional discute a paz nas cidades
Próximo Texto: Netos foram ameaçados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.