São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Especulação emperra empreendimentos

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A especulação imobiliária está retardando a construção de grandes empreendimentos na nova avenida Faria Lima. Segundo especialistas do mercado imobiliário, proprietários estão pedindo cerca de 900% a mais do que era cobrado antes das obras de extensão.
Pelo metro quadrado -que valia entre R$ 200 e R$ 500, dependendo da região- proprietários estão cobrando cerca de R$ 5.000, valor considerado irreal.
Por causa desse aumento, um ano e nove meses após o início da obra nenhum terreno foi comercializado, segundo o arquiteto Júlio Neves, que projetou a avenida."As pessoas estão achando que descobriram uma mina de ouro."
"Chutometria"
Para Roberto Capuano, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci), "está havendo muita 'chutometria"'. Segundo ele, sempre que se abre uma nova via urbana ocorre um processo especulativo muito forte. "Mas que não é calcado em números reais."
Capuano diz que, quando a estação Liberdade do metrô foi construída, os proprietários de imóveis e terrenos da região também pediram valores altíssimos, achando que ocorreria um aumento fantástico do metro quadrado. "O que não ocorreu na prática", afirma. "Lá, até hoje existem terrenos vazios."
O diretor da divisão de consultoria da Bolsa de Imóveis do Estado de São Paulo, Paul Weeks, diz que "pouca coisa aconteceu até agora na nova Faria Lima. Existem vários projetos, mas que hoje não são viáveis."
Fortuna
O secretário municipal do Planejamento, Roberto Paulo Richter, afirma que"os preços já estão se normalizando" na nova avenida Faria Lima.
"No começo, as pessoas estavam achando que os terrenos valiam uma fortuna, devido ao interesse natural das grandes empresas. Por isso estava tudo parado", afirmou Richter.
"Mas já sinto que o mercado começou a se movimentar. Como existem muitas áreas livres, os valores estão começando cair."
Operação urbana
Desde junho de 1995, apenas 15 operações urbanas foram negociadas pela prefeitura, que arrecadou cerca de R$ 31,5 milhões.
A previsão da prefeitura era de que as operações urbanas financiassem toda o obra e as desapropriações -valor total estimado em R$ 112 milhões.
Operação urbana é um mecanismo pelo qual o proprietário pode construir um imóvel ou implantar usos e atividades diferentes do que determina a legislação de zoneamento, desde que pague uma contrapartida financeira.
Richter afirma que com a abertura total da avenida a tendência é que novas operações urbanas sejam feitas.
"Tenho certeza de que a avenida terá custo zero. Deveremos arrecadar cerca de R$ 500 milhões nos próximos anos."
(RG)

Texto Anterior: Marido enciumado fere dois
Próximo Texto: Rodízio fecha 1ª semana com ar poluído
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.