São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Venda do Dia dos Pais frustra lojistas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas para o Dia do Pais durante a semana ficaram 30% abaixo do ano passado e frustraram as expectativas dos lojistas.
O calor desestimulou as vendas de roupas e o rodízio diminuiu o número de consumidores nas ruas, na análise dos lojistas.
Os presentes mais procurados neste ano são de até R$ 35, como camisas, cuecas, meias e camisetas. No ano passado havia grande procura por produtos de até R$ 65.
"Quem presenteou o pai com um blazer no ano passado vai dar uma camisa neste ano", diz Wladimir Nery, diretor da Bandagen, rede de quatro lojas especializada em roupas masculinas.
Ele conta que a empresa deve comercializar neste mês para o Dia dos Pais cerca de 9 mil peças -25% menos do que em igual período do ano passado.
"O rodízio de carros teve grande impacto no nosso negócio. Acreditamos que contribuiu para reduzir em 40% o movimento."
Na Afrika, outra loja de artigos masculinos, as vendas estão 30% abaixo de igual período do ano passado. Para estimular o consumo, a empresa decidiu antecipar sua promoção e cortar pela metade os preços.
Ainda assim, diz Edson Caetano, gerente, os clientes estão solicitando à loja para que segure os cheques por alguns dias. "O consumidor está sem dinheiro."
Segundo ele, as calças de R$ 27,50 e as camisas de R$ 29,50 são os presentes mais procurados. Para o Dia dos Pais do ano passado, lembra, a procura maior foi por jaquetas de R$ 60.
Dados da ACSP
A Associação Comercial de São Paulo confirma a frustração dos lojistas com o ritmo de vendas durante a semana.
As consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) do dia 1º a 8 deste mês foram 2,8% menores do que em igual período de julho.
As consultas ao Telecheque, outro serviço da associação que dá idéia das vendas à vista, também caíram no período -cerca de 1%.
Sobre o ano passado o número de consultas continua mais alto -de 38,8% no caso do SPC e de 22,7% no caso do Telecheque.
"Era esperado o crescimento sobre 1995, mas não era prevista a queda sobre julho por causa do Dia dos Pais", diz Emílio Alfieri, economista da associação.
Para ele, o calor e o rodízio dos carros propiciaram a redução do ritmo de consumo. "O maior frio de julho e a Olimpíada deram mais força às vendas -especialmente de televisores e videocassetes."
Para os economistas da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, apesar do bom movimento nos shoppings, as vendas para o Dia dos Pais vão ficar de 7% a 10% menores do que no ano passado.
"O consumidor está superendividado. Por isso não quer assumir compromissos. Vai dar presente de valor unitário baixo", afirma Abram Szajman, presidente da federação.
Expectativa da véspera
A estimativa dos lojistas é de ter alguma recuperação nas vendas hoje, diz ele. Mas, mesmo assim, o comércio aposta que não vai conseguir acabar com os estoques.
Na próxima semana, a Bandagen já inicia uma liquidação de peças de inverno que serão comercializadas com descontos de até 50%.
Por conta dessas liquidações, a federação acredita que neste mês as vendas do comércio devem ser de 2% a 4% menores do que de agosto de 1995 e de 4% a 5% maiores do que do mês passado.

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