São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Maioria diz que não lê por falta de tempo

DA REDAÇÃO

Pesquisa sobre o hábito de leitura dos brasileiros realizada pelo Datafolha em 11 capitais revela que mais da metade dos entrevistados (57%) não leu nenhum livro por lazer ou cultura nos últimos 12 meses. A pesquisa demonstra ainda que 85% não leram nenhum livro para a escola e 82% não o fizeram nem por motivos de trabalho.
A pesquisa foi realizada em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Recife, Goiânia, Campo Grande e São Luís.
Cerca de um terço dos entrevistados (33%) leu de um a cinco livros por lazer ou cultura nos últimos 12 meses, 6% leram de seis a dez livros, e 4%, mais de dez livros. A média de livros lidos pelos entrevistados é de 2,4 em 12 meses.
Salvador é a capital que mais leu por lazer e por cultura (média de 3,2 livros no período), para a escola (média de 2,1) e também para o trabalho (média de 1,7). Campo Grande foi a cidade que menos leu por lazer ou cultura (média de 1,7) e o Rio a que menos leu para a escola (média de 0,6).
TV influi pouco
Apesar das taxas de hábito de leitura serem baixas, a maioria dos entrevistados (66%) gostaria de ler mais do que costuma fazer, contra 34% que não pretendem aumentar o número de livros que lêem. Gostariam de ler mais os moradores de São Luís (79%), os mais escolarizados (76%), as mulheres (68%) e os mais jovens (72%).
Falta de tempo é o motivo alegado pela maioria (77%) para explicar por que não lêem mais. Preguiça ou cansaço é o segundo motivo (13%), seguido da falta de dinheiro (10%) e o preço dos livros (9%). Vista cansada é o motivo de 6%. Alegaram analfabetismo 1% dos entrevistados.
A pesquisa demonstra que o hábito de ver televisão não influi decisivamente no hábito da leitura. A TV é apontada por apenas 3% como uma das razões que os impedem de ler mais.
Para a maioria dos entrevistados (68%), os livros no Brasil custam caro. Ele é muito caro para 23%. O mesmo número de pessoas acha que o preço é justo e apenas 3% consideram os livros baratos.
Ricos lêem mais
O índice de hábito de leitura por lazer ou cultura aumenta com o nível de escolaridade. Entre os menos escolarizados (até o 1º grau), 24% leram de um a cinco livros. O índice sobe para 46% entre os que têm curso superior.
As pessoas de maior renda também lêem mais por lazer ou cultura. Leram de um a cinco livros 28% dos que ganham até dez salários mínimos. O índice aumenta para 39% entre os que ganham mais de 10 até 20 salários e para 43% entre os que ganham mais de 20 salários.
Jorge Amado é o mais lido
Jorge Amado é o escritor preferido dos entrevistados. O autor baiano foi citado por 11%. Em seguida, com 3%, aparecem Sidney Sheldon, Machado de Assis e Paulo Coelho. Agatha Christie e Carlos Drummond de Andrade são lembrados por 2%.
Paulo Coelho é mais citado por pessoas de maior escolaridade (4%), pelos que ganham mais (4%) e pelos mais jovens (4% entre os de 16 e 24 anos e o mesmo número entre os de 25 e 34 anos).
Amado é mais lido em Salvador (33%), o poeta mineiro Drummond, em Belo Horizonte (4%), o romancista gaúcho Érico Veríssimo, em Porto Alegre (8%). São Luís lê mais (4%) o paulista Monteiro Lobato que São Paulo (1%).
Romances são preferidos
A leitura de romances é a preferida pelos brasileiros (24%), seguida da de livros religiosos (16%) e de romances policiais (8%). O romance é o gênero preferido pelas mulheres (33%), os mais jovens (31%) e os que possuem nível médio de escolaridade (31%).
Os livros religiosos são mais lidos pelos de menor escolaridade (20%) e pelos que ganham menos (19%). O interesse por eles cresce com a idade. Apenas 7% dos jovens (de 16 a 24 anos) gostam dos livros religiosos. O índice sobe para 23% entre os que têm 60 anos ou mais, quando chega mesmo a superar o gosto por romances.
Depois dos romances, os livros de história são os preferidos pelos mais jovens (11%).
Leitura e desenvolvimento
A maioria absoluta dos entrevistados (68%) acredita que o Brasil seria mais desenvolvido se os brasileiros lessem mais. Para 19%, o país teria desenvolvimento apenas um pouco maior caso isso ocorresse. Para 11%, ler mais não influenciaria os rumos do Brasil.
Salvador é também a cidade que mais acredita na importância da leitura para o desenvolvimento (75%), seguida por Recife (73%). Também acreditam no vínculo entre leitura e desenvolvimento as mulheres (69%), os mais velhos (77%), os que têm renda superior a 20 salários mínimos (69%) e os que gostariam de ler mais do que o fazem atualmente (72%).

A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade da população acima de 16 anos de 11 capitais. Foram entrevistadas 8.766 pessoas, em pontos de fluxo distribuídos geograficamente, em 9 de julho último. A margem de erro decorrente deste processo de amostragem é de 1 ponto percentual para mais ou menos, dentro de intervalo de confiança de 95%. Isso significa que, se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, os resultados estariam dentro da margem de erro prevista. A pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisa de Opinião do Datafolha.

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