São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Panfletos pedem justiça em julgamento

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A campanha de mobilização por conta do julgamento dos acusados pela morte da atriz Daniella Perez se intensifica hoje, com a distribuição de milhares de panfletos na orla da zona sul carioca.
A partir das 10h, os frequentadores das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon receberão panfletos que trazem uma fotografia da atriz e texto titulado "Chega de Impunidade".
Acusados pelo assassinato de Daniella -ocorrido na noite de 28 de dezembro de 1993-, Guilherme de Pádua, 26, e Paula Thomaz, 25, deverão ser submetidos a júri popular no próximo dia 28, no plenário do 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.
O juiz José Geraldo Antônio, responsável pelos processos das chacinas da Candelária e Vigário Geral, presidirá o julgamento. Sete jurados decidirão a sorte do casal.
Prejulgamento
Diversas entidades que se propõem a combater a violência participam da mobilização prejulgamento.
Os 40 mil panfletos foram impressos pelo Sindicato dos Bancários do Rio. O texto do panfleto é de autoria da direção do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes.
A Faferj (Federação das Favelas do Rio de Janeiro) distribuirá os panfletos nas principais favelas cariocas durante a semana.
Outdoors
A manifestação reunirá representantes de entidades como a Casa da Paz, Mães de Acari, Mães da Cinelândia, Associação das Famílias Vítimas da Violência e Movimento Pela Vida.
As entidades também tomaram a iniciativa de espalhar 14 outdoors pelas ruas das zonas sul, norte e central do Rio.
Os outdoors foram instalados na semana passada. Neles, há a última fotografia tirada em vida por Daniella, acompanhada das frases "E se fosse sua filha? Chega de Impunidade!".
Pessimismo
Apesar da mobilização que está sendo feita no Rio, dirigentes das entidades se mostram pessimistas quanto à condenação dos dois acusados.
"Do jeito que essa Justiça é, tenho medo que eles sejam absolvidos", disse à Folha Aída Hermínio dos Santos, 37, fundadora do grupo Mães da Cinelândia, empenhado na busca de crianças desaparecidas.
Opinião semelhante tem também a coordenadora da Ação da Cidadania Contra a Violência, Vera Alves.
"Acredito no juiz e nos promotores, que são competentes e inteligentes, mas a lei beneficia os réus. Estou muito pessimista", afirmou a coordenadora.
Decepção
A Casa da Paz concentrará a distribuição de panfletos na favela de Vigário Geral (zona norte), onde em 1993 foram chacinados 21 moradores.
A secretária-adjunta da entidade, Vera Lúcia dos Santos, 33, é outra que diz não acreditar em condenação.
"As pessoas matam e ficam soltas por aí. Estou decepcionada com a Justiça de nosso país", afirmou Vera dos Santos.

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