São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Mães paulistanas amamentam pouco

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma pesquisa realizada em São Paulo com 654 crianças com menos de 1 ano de idade indicou que 12% delas nunca receberam leite materno, 21% mamaram no peito por menos de um mês, e 35% tiveram a amamentação interrompida ao completar 1 mês de idade.
Apenas 6,7% das crianças estavam em aleitamento materno exclusivo aos 6 meses de idade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam aleitamento materno exclusivo por um período de quatro a seis meses.
A pesquisa, realizada pela Unisa (Universidade de Santo Amaro) durante a última campanha de vacinação (junho), foi organizada pela pediatra Lélia Cardamone Gouvêa, coordenadora da Liga de Puericultura da universidade e presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
O trabalho foi divulgado no último domingo, início da 5ª Semana Mundial de Amamentação.
A pesquisa confirma o resultado de um estudo de 1993 sobre aleitamento materno em São Paulo, realizado pelo Núcleo de Nutrição, Alimentação e Desenvolvimento Infantil da Secretaria de Estado da Saúde, que mostrou que 61% das mães paravam de amamentar os filhos antes dos 3 meses de idade.
'Leite fraco'
Lélia diz que, no estudo de 93, o principal motivo alegado pela maioria das mães (55,5%) para interromper a amamentação foi que o leite era fraco ou insuficiente.
Segundo ela, esse conceito equivocado é o maior responsável pelo início do desmame precoce.
"A mãe, por desconhecer o poder do seu leite, acaba introduzindo outros alimentos antes da hora. O leite materno é o alimento mais completo para o bebê."
Lélia explica que a maioria absoluta das mães tem condições de alimentar seus filhos nos 6 primeiros meses de vida exclusivamente com leite materno.
Mesmo mães adolescentes e desnutridas têm um leite com características nutricionais perfeitas.
A cada mamada, o bebê estimula a liberação de hormônios na mãe que aumentam a produção do leite (veja quadro ao lado).
Uma outra pesquisa, coordenada pelo pediatra José Augusto Taddei, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizada em oito maternidades públicas de São Paulo, acompanhou 487 crianças recém-nascidas.
Segundo o estudo, metade delas já haviam iniciado o desmame no quinto dia de vida, recebendo complementos como chás e sucos.
Aos 15 dias, apenas 37% das crianças permanecia em aleitamento exclusivo; aos 60 dias, o número caía para 5%.

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