São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996 |
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Tradição russa exibe-se em São Paulo
IRINEU FRANCO PERPETUO
A orquestra foi fundada durante o período stalinista, em 1930. Ganhou fama internacional pelas gravações feitas com Guennadi Rojdestvenski, que a dirigiu de 1961 a 1974. Em 74, Rojdestvenski foi sucedido por Vladimir Fedosseiev, no comando até hoje. O fim da União Soviética fez a orquestra ganhar o nome de Tchaikovski e perder grande parte do subsídio estatal. Fedosseiev ajuda pessoalmente a custear a orquestra desde abril de 95. Em São Paulo, além da apresentação no parque Ibirapuera, a orquestra toca nos dias 12 e 13, no teatro Municipal. Estão marcados ainda concertos para Salvador (dia 14), Ribeirão Preto (dia 17) e Rio de Janeiro (dia 19). O solista convidado -que só não toca no concerto de hoje- é o pianista armênio Vardan Mamikonian, 26, com o qual Fedosseiev diz jamais ter trabalhado. Seguidor da escola de regência de Evgueni Mravinski, Fedosseiev falou à Folha com exclusividade, de Buenos Aires. * Folha - Por que a orquestra adotou o nome Tchaikovski? Vladimir Fedosseiev - Recebemos o nome há dois anos, por nossos prêmios internacionais pelas interpretações de Tchaikovski. Folha - Não foi por causa da falta de dinheiro? Fedosseiev - A situação econômica do país mudou, especialmente na área cultural. Cada músico ganha apenas US$ 50 por mês, o que é pouco. Completamos a renda com turnês pela Europa, EUA e Japão e também com gravações pelos mais diversos selos. Folha - A orquestra ainda mantém alguma ligação com a rádio? Fedosseiev - A rádio é privada e não nos dá dinheiro. Nossa verba vem diretamente do ministério da Cultura. Na rádio, ainda fazemos programas de rádio e TV, mas com uma frequência bem menor do que antes. Folha - É verdade que o sr. põe dinheiro do seu próprio bolso na orquestra? Fedosseiev - Sim. Comecei a fazer isto na época da perestroika e ainda faço. Tento ajudar sempre a orquestra, que é minha família. Temos dois patrocinadores que pagam algumas viagens. O resto fica por minha conta. Folha - Quando o sr. assume a Sinfônica de Viena? Fedosseiev - Trabalho com eles há dez anos, mas, a partir de janeiro de 97, vou começar a viver em Viena. Vou dividir esta orquestra com a russa. Gosto de trabalhar com orquestras germânicas. Elas têm um bom nível, disciplina e permitem um número suficiente de ensaios. Folha - Quando o sr. conheceu Evgueni Mravinski? Fedosseiev - Há muito tempo. Eu era muito mais jovem, estava no início de carreira. Foi em 1975, quando Mravinski me convidou a reger sua orquestra, em Leningrado, em um ciclo de jovens regentes. Foi muito importante para mim reger a melhor orquestra da União Soviética. Folha - O que o sr. mais aprendeu com Mravinski? Fedosseiev - Ele nunca foi meu professor, porque não ensinava, mas aprendi muito com ele: seu estilo de ensaio, seu amor à música, sua honestidade... Nos ensaios, ele era muito acadêmico, forte, preciso. Talvez um pouco seco, mas exato, detalhista. Ele gostava de construir cada peça detalhe por detalhe, de repetir a mesma música várias vezes. Ele poderia voltar cem vezes à mesma obra e, ainda assim, descobrir coisas novas a cada vez. Concerto: Orquestra Sinfônica Tchaikovski da Rádio de Moscou Quando: hoje, às 16h; amanhã e terça, às 21h Onde: pça. da Paz (Parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo) Quanto: entrada franca Onde (dias 12 e 13): Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698) Texto Anterior: Festa da Achiropita inova com tecnologia Próximo Texto: Zélia Duncan faz último show da turnê Índice |
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