São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Nem Amélias, nem Ofélias

RITA LOBO

Além da formosura, o que estas cinco moças têm em comum é a paixão pela gastronomia. Elas decidiram que lugar de mulher é mesmo na cozinha, ou em torno dela, mas ganhando dinheiro. O mercado ligado à comida cada vez mais atrai curiosos que resolvem se profissionalizar.

Cabelo e maquiagem: Wall Arantes (New House Hair)

Alexandra Forbes já nasceu com um pé, ou melhor, uma mão na cozinha. O pai é cozinheiro de mão cheia e sempre colocou a filha como ajudante nos "grandes almoços na fazenda". Apesar de ser apenas responsável pelas funções paralelas, isso já serviu para que ela tomasse gosto e mais tarde ganhasse uns trocados extras fazendo canapés durante os anos de faculdade no Canadá. Depois de formada, em literatura inglesa, voltou para o Brasil e virou jornalista. Rapidinho, já editava uma página semanal de gastronomia. Hoje, é crítica de restaurante da revista "Exame Vip" e editora de gastronomia do "Brasil on Line".

Ana Egydio Martins de Moraes, quando recém-casada, mudou-se com o marido Beto para a Filadélfia. Formada em pedagogia, pretendia estudar matérias relativas à educação na Universidade da Pensilvânia. Mudança de planos! As lembranpas das tardes na cozinha durante a infância fizeram com que ela relevasse a viagem de trem até Nova York, o metrô até a rua 86 e a caminhada rumo à 92 para chegar na Peter Kump's School of Culinary Arts. Seis meses depois, com o marido um pouquinho mais fofo, ela estava com o diploma e a faca na mão dando aula de culinária em casa. De volta a São Paulo, fez estágio na cozinha do Charlô, se entusiasmou ainda mais e aceitou o convite para gerenciar o Café V.

Do pai herdou o interesse pela hotelaria. Da mãe golfista, a paixão pelo esporte. Depois de ter se formado em educação física, Catherine Debbaudt decidiu estudar hotelaria. Foi para a Suíça e se formou pela École Hotelière Les Roche. Eram seis meses estudando, seis meses trabalhando, por três anos. Em seguida, mudou-se para Nova York, onde trabalhou durante um ano no Novotel. Estava com contrato assinado para ir para a EuroDisney, mas uma visita aos pais fez com que ela pensasse duas vezes: resolveu ficar pelos trópicos. Gerente administrativa do Bar des Arts e do Leopolldo, Catherine trabalha dez horas por dia e ainda acha tempo e energia para se preparar para a maratona de Nova York, que acontece em novembro. Afinal, já disse Arnaldo Antunes, "a gente não quer só comida...".

Na mesma Peter Kump's de Ana Egydio, Isabela Suplicy foi buscar as técnicas que fazem da sua patisserie uma das mais exclusivas de São Paulo. Apesar de ter se especializado em bolos e doces de casamento, ela é capaz de preparar cozinha jantares completos. Passou pelas cozinhas de Laurent e Bassoleil e trabalhou na Better Baker, primeira confeitaria "low fat" de Nova York.

ONDE ENCONTRAR
Escola de Culinária (Ana Carolina Salem).
R. do Livramento, 275, Ibirapuera, zona sul.
Tel. 885-0508. Café V (Viva Vida). R. Oscar Freire, 969, Jardins. Tel. 853-9327. Isabela Suplicy (Patisserie). Tel. 814-6903. Bar de Arts. R. Pedro Humberto, 9, Itaim, zona oeste. Tel. 829-7828.

Ainda adolescente, Ana Carolina Salem foi visitar os parentes na Escócia. Ficou maravilhada com a prima que, mesmo grávida, cuidava do casarão e ainda cozinhava os pratos mais deliciosos para um batalhão. Segredinhos aprendidos com Mrs. Russel, a mesma professora de Lady Di. E lá se foi ela aprender os "scrambled eggs" do príncipe Charles. Foram três meses de aulas diárias. Voltou para casa, entrou na faculdade de economia e, animada com os novos dotes, passou a preparar bombons e afins para vender. Quase quatro anos depois, desistiu da faculdade, se cansou da cozinha e foi para Paris enfrentar a crise do: "O que eu vou ser quando crescer?" Fez de tudo um pouco e foi parar na École Ferandi. Escola de quê? Culinária! Em dezembro de 93, voltou para São Paulo, arregaçou as mangas, vestiu o avental e montou sua escola de culinária.

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