São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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O QI da CBF

JUCA KFOURI

Sem Botafogo, último campeão; sem o Santos, o vice; sem o Cruzeiro, campeão da Copa do Brasil; sem a dupla Grenal; sem o Vasco; o Campeonato Brasileiro completou nove jogos no domingo.
Um domingo sem Maracanã, sem Morumbi, sem Pacaembu, Olímpico ou Beira-Rio. Aliás, Beira-Rio teve sim. Palco de um amistoso (?!), entre Inter-RS e Portuguesa, dois dos 24 clubes integrantes do torneio. O que abre gelado deve ficar morno até ali por outubro, quando os oito finalistas começarem a despontar, e só esquentar nas quartas-de-final, na última semana de novembro, daqui a mais de três meses, portanto.
Clássicos mesmo até agora só dois, ambos envolvendo o Atlético-MG, contra Flamengo e Corinthians.
É assim que a cartolagem nacional ganha todos os prêmios de indigência organizativa do futebol mundial. A CBF é o lugar com o menor índice de QI do planeta Terra.
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Quanto pior, melhor. É esse o raciocínio de alguns cartolas, que se julgam mais espertos que os outros, em relação ao atual Campeonato Brasileiro. Diante de mais um fracasso inevitável, eles querem tomar conta dos próximos campeonatos, terceirizando a administração por meio de suas próprias empresas. E, para tanto, já contam com o apoio de conhecidos jornalistas.
Terão de enfrentar, no entanto, a resistência ainda mais nefasta dos presidentes das federações estaduais.
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Fenomenal! Não há outro adjetivo para definir a atuação do goleiro Jean, do Bahia, na partida de anteontem contra o Palmeiras.
Que Zagallo não o convoque para fazer comerciais e o deixe em paz, jogando futebol.
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Pelé deixou para o começo de setembro a assinatura da resolução que muda a Lei do Passe. A explicação oficial justifica o adiamento devido às inúmeras sugestões que vieram do país inteiro, como fruto da discussão proposta pelo Ministério.
Pelé, que não está disposto a adotar nenhuma das sugestões dos clubes grandes, quer mesmo é conversar mais com FHC e obter respaldo, certo de que a reação da cartolagem será barulhenta.
"Até hoje não tomei nenhuma decisão importante sem conversar com o presidente", explica o ministro, que sonha ver a nova ordem vigorando a partir do primeiro dia do ano que vêm.

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