São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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USP homenageia Florestan Fernandes

ESPECIAL PARA A FOLHA

A Universidade de São Paulo (USP) homenageia a partir de hoje o sociólogo Florestan Fernandes, morto aos 75 anos em 10 de agosto do ano passado.
A homenagem, intitulada "Florestan Fernandes, Intelectual Militante", ocorre no Centro Universitário Maria Antonia, onde o sociólogo lecionou por vários anos na então Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
O evento será aberto às 19h30 pelo reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, e pelo pró-reitor de Cultura, Jacques Marcovitch.
Durante uma semana, seminários diários irão abordar temas que ocuparam o sociólogo durante toda sua vida, da universidade à política, passando pela análise do capitalismo e a crise do socialismo.
A figura de Florestan será tema da mesa que encerra o seminário, na sexta-feira. Entre outros convidados, participa o crítico literário Antonio Candido, professor emérito da USP.
Além dos seminários, a homenagem é composta por uma exposição iconográfica, com 22 painéis, contendo fotografias, documentos, artigos de jornal e capas de livros de Florestan. Parte do material é inédita. A exposição fica no Centro Universitário Maria Antonia até o dia 16 de outubro.
Biblioteca
A USP não é a única universidade a homenagear o sociólogo. Na última sexta-feira, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) inaugurou em sua biblioteca comunitária a Sala Florestan Fernandes, onde estão reunidos cerca de 12 mil livros e 8.000 documentos que pertenciam ao intelectual.
A UFSCar comprou o material da família de Florestan por R$ 160 mil. A Folha doou à biblioteca fotos e quatro volumes encadernados contendo os textos escritos pelo sociólogo para o jornal desde 1943. Florestan publicou aproximadamente 500 artigos na Folha. Desde junho de 89, mantinha uma coluna semanal no jornal.
A trajetória intelectual e política de Florestan está associada à defesa do socialismo. Mesmo depois da queda do Muro de Berlim e da derrocada dos países do Leste, o sociólogo mantinha convicção quanto à viabilidade da revolução e não aceitava que o capitalismo havia vencido a batalha ideológica da nossa época.
Ligado ao PT desde a sua fundação, Florestan exerceu pelo partido dois mandatos como deputado federal (1987-1991 e 1991-1995).
Considerado um precursor das ciências sociais no Brasil enquanto disciplina acadêmica que exige rigor e método, Florestan bacharelou-se em 1943 pela USP.
Doutorou-se em 1951, foi livre-docente e professor titular da cadeira de sociologia pela mesma universidade.
Entre seus alunos prediletos estava o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na última entrevista que concedeu à Folha, o sociólogo manifestou mal-estar e constrangimento ao comentar o rumo que FHC tomou na política. Depois de hesitar, afirmou que preferia não falar do presidente "para não magoar nem a ele nem a mim mesmo".

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