São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Arafat ameaça ir à ONU pedir Estado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, disse que vai pedir mediação internacional para ter reconhecido o Estado palestino. O governo direitista de Israel se opõe à criação de um país independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Arafat disse que, se Israel mantiver sua resistência em negociar, vai recorrer ao Conselho de Segurança e ao tribunal internacional da ONU, aos EUA e à Rússia, países que patrocinaram o acordo de paz.
A TV de Israel difundiu trechos de entrevista de Arafat, em que ele diz que seu objetivo é criar um Estado palestino com capital em Jerusalém.
A questão da divisão da cidade é uma das mais controversas nas negociações entre árabes e israelenses. Em 1980, Israel passou a considerar Jerusalém sua "capital eterna unificada".
Em entrevista ao diário "Al Quds" (o nome árabe de Jerusalém), o premiê Binyamin Netanyahu disse que "não há possibilidade chegarmos a um acordo com os palestinos sobre Jerusalém".
Ele disse que prevê uma "autonomia mais ampla" aos palestinos, mas se referiu apenas a uma "entidade palestina" -não a um Estado. Foi sua primeira entrevista a um jornal palestino.
As declarações de Netanyahu causaram pessimismo entre os árabes: "É extremamente desagradável que em suas primeiras palavras aos palestinos ele fale da maneira que falou, para dizer que de fato já não temos um processo de paz em marcha", disse Saeb Erekat, membro do gabinete de Arafat.
Netanyahu deu a entender que o primeiro encontro oficial com Arafat não deve acontecer em breve: "No momento, tenho outras prioridades".
"Sou a figura mais importante no dilema do Oriente Médio. Netanyahu não pode me ignorar", respondeu Arafat na outra entrevista.
Fatah
Arafat encerrou ontem no Cairo a reunião de seu grupo político, a Fatah, facção majoritária da Organização para a Libertação da Palestina. O grupo enviou carta a Netanyahu alertando para os efeitos da construção de novos assentamentos judaicos nos territórios ocupados.
Segundo a avaliação do grupo, a decisão de Israel põe em risco o processo de paz no Oriente Médio.
Segundo o diário "Haaretz", Netanyahu vai argumentar a Arafat que a Declaração de Princípios de Oslo, base do acordo árabe-israelense, não menciona os assentamentos.
A pressão da Fatah sobre o governo de Israel é também uma resposta à oposição palestina. Em entrevista ao "Haaretz", o deputado palestino Haider Abdelchafi, um moderado de oposição a Arafat, disse que "o processo de paz está próximo da morte".
Abdelchafi foi um dos negociadores palestinos que foram a Washington, há três anos.

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