São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996
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Cidadãos FC

JUCA KFOURI

É simplesmente impressionante a indignação das pessoas com o papelão do futebol brasileiro na Olimpíada. Leitores e telespectadores, por carta, fax ou via Internet, não param de manifestar vergonha pela atitude da CBF ao antecipar a solenidade de premiação.
A derrota para a Nigéria nem sequer é mencionada, mas a fuga nada olímpica parece que não será esquecida tão cedo.
Saudável sinal de que a sociedade brasileira não engole mais certas coisas em silêncio.
A mesma reação que o famoso vôo da muamba causou na época do tetra -com vitória, portanto- ressurge agora na derrota e não por essa, mas sim pela atitude.
Não é por outro motivo que os responsáveis por gestos tão insultantes à consciência nacional não podem circular mais livremente pelas ruas sem serem alvo do desprezo dos cidadãos.
Com as tristes imagens de João Havelange e Ricardo Teixeira entregando as medalhas bronzeadas de vergonha, o programa do Faustão, na Globo, prestou-lhes a devida homenagem no domingo passado, chamando-os de infames.
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Sabe o que o Passarella disse ao Zagallo? "Nigéria pouca é bobagem"...
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Dos nove jogos realizados até agora pelo Campeonato Brasileiro, nada menos que cinco passaram ao vivo na TV. Dá para estranhar o pouco público nos estádios?
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A média não chega a 9.000 torcedores por jogo, algo ridículo quando comparado aos campeonatos europeus, embora quase o dobro dos principais campeonatos estaduais do patropi. Ou seja: a baixa média não dá razão aos também indigentes presidentes de federações, mas respalda os críticos da falida direção de nosso futebol.
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Há na Ponte Preta uma briga trabalhista que tem tudo para se transformar no "Caso Bosman" brasileiro. O atleta é o atacante Claudinho, da seleção brasileira sub-19, que tem seu passe fixado em R$ 5 milhões pelo clube, embora a Ponte lhe ofereça apenas R$ 400 por mês. E ele resolveu ir às últimas consequências pelo direito de trabalhar.
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Cresce a onda em defesa de uma lei de auxílio ao esporte, com incentivos fiscais. Já se sabe quem serão os beneficiados se o lobby for bem-sucedido: os intermediários. Menos mal que FHC é contra.

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