São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996
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Festival de curtas de SP traz futebol, longas e taras

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Futebol, taras e extravagâncias serão as principais atrações do 7º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
O evento, que vai de 22 a 31 de agosto, terá como convidado especial o mago japonês da TV de alta definição Hideo Nakazawa.
O diretor, que foi uma das sensações do festival nas duas edições anteriores, com "Dez Segundos Depois" e "A Broca e a Parede", apresentará seus dois novos filmes, "The Faster Food" (1995) e "We Love Lucy" (1996), e conversará com o público no dia 29 de agosto, às 21h, no Espaço Unibanco de Cinema. O evento é co-promovido pela Folha.
A programação não está totalmente fechada, mas o festival deste ano deverá contar com um número menor de filmes (pouco mais de 200) do que o do ano passado (300). A explicação, segundo a diretora do evento, a produtora Zita Carvalhosa, é que "os bons curtas cresceram de tamanho".
Zita acrescenta que, pela primeira vez, os curtas contarão com legendagem eletrônica, "o que permitiu a inclusão de filmes mais longos, com mais diálogos, sem prejuízo da inteligibilidade".
O orçamento do evento é de R$ 300 mil, bancados principalmente pela empresa de engenharia Enterpa e por aportes das secretarias municipal e estadual da Cultura e do Ministério da Cultura.
Os filmes serão exibidos no MIS, Centro Cultural São Paulo, Espaço Unibanco de Cinema e Cinesesc.
Uma das atrações do festival deste ano é o ciclo "Efeito Curta", que reunirá 16 longas-metragens influenciados de alguma forma pela linguagem do curta. O ciclo tem curadoria do crítico Amir Labaki, articulista da Folha (leia abaixo).
Futebol e taras
O festival se divide em diversos blocos: panorama brasileiro (cerca de 60 filmes), mostra internacional (idem), mostra latino-americana (cerca de 30 filmes) e programas especiais.
Entre estes últimos, uma das seleções mais curiosas é a batizada de "Pequenas Taras", que inclui curtas sobre todo tipo de perversão ou relação bizarra com o corpo.
Há "O Tapa" (da americana Tamara Hernandez), sobre uma garota de família que só tem prazer sexual depois de levar umas bolachas. Nelson Rodrigues é pouco.
Já o documentário "Of Skin and Metal", da americana Olga Schubart, aborda em detalhes quase insuportáveis a moda do "body piercing" -aquela mania de pendurar brincos e pregos nos locais mais inusitados do corpo.
Para quem gosta de manias mais inofensivas, há um programa de filmes sobre futebol, em duas partes: brasileira e internacional.
A primeira, com curadoria dos cineastas Francisco César Filho (coordenador de programação do festival) e Andréa Seligmann, traz filmes como o documentário "Gaviões", de André Klotzel, e a comédia "Cartão Vermelho", de Laís Bodansky. A parte internacional foi organizada pela Agência do Curta-Metragem de Hamburgo (Alemanha) e reúne filmes europeus ligados às vezes de forma muito indireta ao futebol.
"Stravaganza" é uma seleção de obras que têm em comum, segundo o curador Francisco César Filho, "a excentricidade, no tema ou no estilo, ou em ambos".
Em "The Bitch Is Back", comédia de humor negro do holandês Tjebbo Penning, uma mulher inflável revolta-se contra seu dono e amante. No neozelandês "Planeta Homem", as mulheres desaparecem da Terra num futuro sombrio (e põe sombrio nisso).
Por fim, há a seleção francesa "Short Cuts", organizada pela Unifrance (agência estatal de difusão do cinema francês), reunindo os melhores curtas recentes do país. A fita de vídeo terá como "selo", pela primeira vez, o nome do festival de São Paulo.

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