São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996 |
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Ruy Guerra critica os novos cineastas
JOSÉ GERALDO COUTO
Será o primeiro filme do diretor no Brasil desde "Kuarup" (1988). Nesse período de ausência, entre outras coisas, realizou em Cuba uma minissérie com com história de García Márquez e produção da TV espanhola. * Folha - Você foi um "companheiro de viagem" do Cinema Novo. Como vê hoje o movimento? Folha - O Cinema Novo teve uma proposta digna, a de resgatar esteticamente a identidade nacional, de modo crítico e não ufanista. Com isso veio a busca de uma linguagem própria, uma estrutura dramática compatível com a realidade que queríamos abordar. Isso é importante. Pelo que tenho visto dos novos filmes -sobretudo nos curtas dos jovens-, está havendo uma grande falta de reflexão cinematográfica. Folha - Uma inconsequência? Guerra - É. Estão muito marcados pelo produto da televisão e por suas estruturas de linguagem. Eu acho isso extremamente grave. Folha - Um dos filmes do Cinema Novo que menos envelheceram é o seu "Os Cafajestes", uma obra atípica dentro do movimento. Guerra - Mas foi o primeiro filme rotulado de Cinema Novo. Agora, é um filme urbano -ao contrário da maioria dos outros- e muito marcado pela minha formação. Eu tinha estudado cinema na França e convivido com o pessoal da Nouvelle Vague. É natural que meu filme tenha características da Nouvelle Vague. Folha - De Antonioni também... Guerra - Sim, claro, porque é um cineasta que eu admirava. Mas é preciso ressalvar que o "lado Antonioni", que são as cenas noturnas, eram consequência também dos meios de produção. Os exteriores noturnos eram para ser feitos com "noite americana", mas fizemos uns testes e ficou uma porcaria. Arranjamos quatro projetores, e então tínhamos um campo muito pequeno de luz, o que levou àquela "mise-en-scène" estática, àqueles closes, àquele imobilismo. Texto Anterior: Salles filma a insanidade da inocência Próximo Texto: Faye Dunaway; Portugal; Curta Rio Índice |
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