São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996
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Flor Garduño traz imagens em platina

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma das mostras mais curiosas da 1ª Bienal Internacional da Fotografia de Curitiba, que começa no próximo dia 15, é a da fotógrafa mexicana Flor Garduño.
É a primeira vez que a fotógrafa expõe no país, trazendo trabalhos feitos pela técnica de impressão em platina.
As cópias produzidas pelo processo são artesanais e lembram gravuras pelo efeito que provocam em relação à textura e à definição das imagens.
Garduño, 39, estudou a técnica com o fotógrafo mexicano Manuel Álvares Bravo (1902).
As fotos tradicionais são produzidas através da exposição da luz em partículas de sais de prata, presentes no papel fotográfico.
A platina tem a mesma função da prata, mas sua natureza é mais pura, produzindo imagens mais texturizadas. Garduño aplica os sais de platina a superfície de papéis especiais, geralmente os mais fibrosos, como os de algodão.
Como se trata de um processo alternativo, o negativo não é ampliado em laboratório, mas aplicado sobre o papel sensibilizado. Ambos são prensados e expostos sob iluminação especial.
Em entrevista exclusiva para a Folha, por fax, Garduño diz que possui uma atração irresistível pela fotografia, e registra tudo que é curioso e interessante.

*
Folha - Além de ser fotógrafa, a sra. também é colecionadora de fotos. Conhece o trabalho de fotógrafos brasileiros?
Flor Garduño - Mantenho uma grande amizade e afeição por Sebastião Salgado e admiro seu trabalho e sua sensibilidade humana. Também conheço bem o de Mário Cravo Neto, que me chama a atenção por ser poético e sugestivo.
Folha - E quanto aos fotógrafos internacionais, a sra. tem alguma preferência?
Garduño - Não me sinto capaz de julgar o trabalho dos fotógrafos europeus e norte-americanos. Existem dezenas deles, todos com trabalhos interessantes. Bravo, por exemplo, é uma figura maravilhosa e foi muito interessante trabalhar ao lado dele.
Folha - Como a sra. vê o desenvolvimento da fotografia?
Garduño - Pessoalmente, conheço melhor a fotografia mexicana. Acho que ela está se desenvolvendo bem, com bom apoio cultural das autoridades. Foi criado um novo museu, batizado de Casa das Imágines, onde se organizam exposições e palestras de fotógrafos. Aqui, na Europa, a fotografia desperta muito a atenção das pessoas. Pode-se perceber essa manifestação pelas feiras que são realizadas, como a de Basel.
Folha - A sra. pretende escrever um livro para relatar suas experiências no México e na Europa?
Garduño - A idéia de escrever livros não me atrai. Prefiro expressar minhas idéias e sentimentos pelas imagens. Em vez de escrever um livro, eu gostaria de criar um novo livro de fotografia.

Exposição: Retrospectiva de Flor Garduño
Onde: Memorial de Curitiba (rua Claudino dos Santos, no Largo da Ordem) Quando: a partir de 15 de agosto; seg a sex, das 9h às 22h; sáb, das 9h às 15h Entrada: franca

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